Poesia é coisa de criança? Livros ‘irmãos’ respondem
Existem livros que parecem irmãos: feitos para serem lidos um em seguida do outro ou até ao mesmo tempo. Esse é o caso de duas obras que acabaram de ser lançadas: “O Livro Que Não Queria Saber de Rimas” (ed. Companhia das Letrinhas) e “Poemas de Brinquedo” (ed. Peirópolis).
Além de cativarem o leitor, ambos são boa oportunidade para professores e pais se debruçarem com seus alunos e filhos sobre o universo da poesia. Nesse guia de leitura imaginário, o pontapé inicial é “O Livro Que Não Queria Saber de Rimas”.
A obra do escritor Fernando Nuno tem como personagem principal um livro –e dos chatos, que só quer saber de altas filosofias e nada de versos ou poemas. Sisudo e durão, ele evita que as personagens-rimas invadam suas páginas em branco.
“É em parte uma provocação. Não quis dizer que poetas são melhores que filósofos. Em algum lugar da história, digo que versos bem arranjados têm o valor da mais alta filosofia”, diz Nuno.
As últimas páginas do livro trazem uma espécie de almanaque que explica o que é poesia e como são estruturados os versos, as sílabas poéticas, as estrofes e, claro, as rimas. Mas também mostra que muitos poemas têm versos brancos ou livres, ou seja, não apresentam rimas ou métricas rígidas. Há até um aceno em uma das páginas à poesia concreta, que radicaliza toda a estrutura desse tipo de texto.
E é aqui que entra o “Poemas de Brinquedo”. A obra é uma caixinha que, quando aberta, guarda uma série de cartões que têm o tamanho de postais. Cada um vem com uma ilustração e, no verso, apresenta um poema –todos gráficos, sonoros, feitos para serem explorados com os olhos e a voz.
Os textos imitam ondas, espalham-se pelo papel, têm tamanhos e cores de letras variados. E ganham um ar tecnológico no celular ou no tablet com a ajuda de um aplicativo gratuito. Nele, o poeta Ricardo Aleixo faz leituras acompanhado de vídeos e animações.
Nessa hora, é impossível não surgir a pergunta: “Ué, mas isso é mesmo poesia?” Ou a questão ainda mais radical: “Isso é realmente um livro?”
Se bater a pulga atrás da orelha, é só voltar para o “O Livro Que Não Queria Saber de Rimas”. Principalmente para o seu último parágrafo, onde está escrito: “Algumas pessoas podem achar que determinado texto é um poema, e outras podem considerar que as mesmas palavras justas, juntas e alinhadas não são poesia coisa nenhuma. Lembro aqui um dito empregado pelo escritor italiano Luigi Pirandello: ‘Assim é se lhe parece’”.
“O Livro Que Não Queria Saber de Rimas”
Autor Fernando Nuno
Ilustradora Cris Eich
Editora Companhia das Letrinhas
Preço R$ 34,90 (2016; 56 págs.)
Leitor intermediário + leitura compartilhada
Autor Álvaro Andrade Garcia
Editora Peirópolis
Preço R$ 35 (2016; 64 págs.)
Leitor intermediário + leitura compartilhada
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