Antonio Prata transforma brincadeira com a filha em livro para crianças

Bruno Molinero

Toda vez que Olivia, 3, se prepara para ir à escola, Antonio Prata faz um check-list: “Vestiu a calça? A blusa? A meia? E a panela?”, brinca o escritor e colunista da Folha, para gargalhada da filha, que fica imaginando como vestir o tal objeto da cozinha.

A brincadeira virou livro. “Jacaré, Não!” será lançado nesta quarta-feira (12), Dia da Criança, pela recém-inaugurada editora Ubu. Esse é o quarto livro da casa, que foi criada por ex-diretoras da Cosac Naify. Mas é a primeira história inédita —os outros três são relançamentos da Cosac e uma edição de “Os Sertões”.

Na história, uma menina vai à escola, toma banho, dorme e faz outras atividades típicas da rotina de uma criança. Com uma diferença: em cada uma delas, aparece um enxerido jacaré.

“O humor na infância começa com a estranheza, com o que está fora do lugar”, diz Prata, que também é pai de Daniel, de um ano e meio. Os filhos pequenos, ainda longe da fase em que começam a se alfabetizar, influenciaram não apenas a história, mas o modo como é construída.

“Jacaré” não é feito para ser lido por uma criança. Ele nasceu para ser contado em voz alta por um adulto. Tanto que, no início da trama, há uma recomendação para que o narrador adapte o nome da personagem para o da menina ou menino que está ouvindo.

 

“Não é que a paternidade tenha me influenciado. Ela me vampirizou completamente. É como estar preso. Você vai dizer que a cadeia é a sua fonte de inspiração?”, diz.

De fato, desde que foi pai, bebês que choram à noite, passeios no parquinho, trocas de fraldas e o dia a dia com crianças passaram a ser temas frequentes de seus textos para o jornal.

Mesmo assim, livros infantis ainda são terreno quase desconhecido para Prata. “Jacaré” é apenas a segunda história do escritor para esse público. A primeira, “Felizes Quase Sempre” (editora 34) foi lançada em 2012 e tem ilustrações de Laerte.

“Mas outros virão no futuro. Eles são mais rápidos de terminar, porque geralmente têm o tamanho de uma crônica, às vezes até menos. O que não quer dizer que sejam mais fáceis. Escrever para crianças é como falar outra língua.”

Enquanto os novos infantis não chegam, Prata continua em produção constante para adultos. Lançou neste ano “Meio Intelectual, Meio de Esquerda” (Tinta da China), em Portugal, e “Trinta e Poucos” (Companhias das Letras), no Brasil —ambos, seleções de crônicas. No ano que vem, deve chegar às livrarias o inédito “Moletom”.

 

“Jacaré, Não!”

Autor Antonio Prata

Editora Ubu

Preço R$ 39,90 (2016; 48 págs.)

Leitor iniciante + leitura compartilhada

Lançamento leitura feita pelo autor na quarta (12), às 14h30, na biblioteca do parque Villa-Lobos (av. Prof. Fonseca Rodrigues, 2.001, próxima ao orquidário Ruth Cardoso)

 


 

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