Aos 80 anos, Mauricio de Sousa tenta ser o ‘rei da Bienal’

Mauricio de Sousa está em todos os cantos da Bienal do Livro de São Paulo. Basta uma voltinha pelo evento, que acontece até o próximo dia 4 de setembro, para esbarrar em personagens da Turma da Mônica, livros do cartunista ou outros produtos que levam o traço arredondado e inconfundível do autor.

Neste ano, o pai do Cebolinha desembarcou na Bienal com artilharia pesada na tentativa de se aproximar ao máximo do público e se tornar onipresente –não apenas para crianças e suas famílias, mas também para jovens e adultos que guardam os gibis da Turma na memória afetiva. E foi nesse tom que o cartunista conversou com o público na manhã deste sábado (27), na Arena Cultural.

Aos 80 anos, Mauricio caminhou no palco visivelmente com dificuldade e falou ao microfone com voz mais baixa que o comum. Mesmo assim, controlou a plateia com habilidade. O espaço, que tem lugar para 550 pessoas, estava completamente lotado, com todos os assentos ocupados –o que fez visitantes buscarem espaço no chão para sentar ou se acotovelarem do lado de fora. Todos ávidos para ouvir o ilustrador, que falou durante apenas 15 minutos e logo abriu o microfone para a plateia fazer perguntas.

A partir daí, Mauricio deu o seu show. Dispensando atenção a todos e com a maior proximidade possível, respondeu por que o Cascão não toma banho (“Nunca vi, mas ele deve tomar uma vez por semana”, disse), por que a Mônica bate no Cebolinha (“Tapa de amor não dói”) e que suas primeiras personagens femininas foram inspiradas em suas filhas. Atualmente, todos os seus dez filhos têm a própria versão em desenho. Veja abaixo:

 

Num momento digno de apresentador de auditório, pediu aos que aprenderam a ler com os personagens da Turma da Mônica que levantassem a mão. Mais de 90% dos presentes, de diferentes idades, levou os braços ao ar, logo emendando uma sonora salva de palmas para aquele que tenta ser o “rei” desta edição da Bienal.

Como todo monarca precisa de um reino, uma área de 500 m² foi criada para abrigar a obra do ilustrador e ficará aberta até o fim do evento. O Espaço Mauricio de Sousa tem uma estátua da Mônica de três metros de altura para pessoas tirarem selfies, escorregador, parede de escalada e painéis para serem coloridos.

Um tóten interativo permite ainda que visitantes criem o seu próprio personagem, customizando roupa, cor da pele, cabelo e acessórios. Depois de pronta, a criação pode fazer parte de uma história com o restante da Turma da Mônica e ser impressa na forma de um gibi personalizado. A revistinha custa R$ 39,90. A impressão de um cartaz com o personagem criado é gratuita.

Além disso, para tentar aproximar ainda mais o seu estúdio dos leitores, desenhistas da Mauricio de Sousa Produções foram deslocados à Bienal, o que permite ao público ver as historinhas serem feitas ao vivo. A poucos metros de distância, uma exposição conta a trajetória dos 80 anos do artista.

LITERATURA E ESPIRITISMO

Como a Bienal ainda é do livro, uma espécie de livraria da Turma da Mônica, criada em parceria com a editora Girassol, comercializa suas obras e gibis, entre lançamentos e títulos mais antigos do catálogo.

Mas Mauricio extrapola os limites de seus domínios. Conhecido pelo licenciamento de seus personagens para os mais variados produtos, ele tem livros espalhados por diferentes editoras no evento –do estande da Panini ao da Boa Nova, que dá destaque ao lançamento “Magali em Outras Vidas”.

O livro aborda o tema da reencarnação e revela o que a personagem comilona fez em tempos passados. A obra causou algum burburinho, mas não é o primeiro livro com inspiração espírita da Turma da Mônica, que já emprestou seus personagens em 2014 ao “Meu Pequeno Evangelho”, também da editora Boa Nova, em que Cebolinha, Cascão, Anjinho e Penadinho aprendem sobre o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, escrito por Allan Kardec.

Como um bom negociante que sempre procura agradar todos os clientes, Mauricio de Sousa também tem obras nas prateleiras sobre passagens da Bíblia, que podem cair no gosto de católicos e evangélicos. Da igreja ao molho de tomate, da loja de brinquedos à Bienal, o pai da Mônica só deseja uma coisa: estar em todos os cantos.

 

BIENAL DO LIVRO

Quando até 4/9

Onde Pavilhão do Anhembi – av. Olavo Fontoura, 1.209; tel. (11) 2226-0400

Quanto R$ 20 (segunda a quinta) e R$ 25 (sexta a domingo)

Programação horários e mais detalhes em bienaldolivrosp.com.br

 


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