Clássico do bom-mocismo, ‘Pollyanna’ ganha edição retrô no Brasil
Virou expressão popular: quem vê o lado bom de tudo, e muitas vezes é passado para trás por causa desse otimismo sem freios, logo é chamado de Pollyanna. Pois a moda nasceu por causa de um livro, que acaba de ganhar uma repaginada no Brasil.
Publicado no início do século 20 pela escritora Eleanor H. Porter, “Pollyanna” conta a história de uma garota simples que fica órfã e vai viver com sua tia rica. Para passar pelos problemas da vida, ela inventa o tal “jogo do contente”, que consiste em procurar um motivo para ficar feliz, mesmo nos momentos mais trágicos. E é daí que surge a fama de ver o lado bom de tudo.
“Pollyanna não é boba nem passada pra trás –e há situações nos livros que mostram isso. Ela também não foge das dificuldades e dos problemas fingindo que tudo é maravilhoso: ela escolhe enxergar o lado bom de tudo”, diz Sonia Junqueira, responsável pelos livros infantojuvenis da editora Autêntica, que lança no Brasil “Pollyanna” e “Pollyanna Moça”.
Os livros trazem o texto original das duas histórias da garota otimista –a segunda obra fala sobre a personagem já adolescente, às voltas com o primeiro amor. A diferença dos novos livros é a capa moderninha, estampando ilustrações atualizadas que dão um ar vintage ou retrô à obra. “Achamos que assim ficaria mais atraente pro leitor de hoje”, afirma Junqueira.
Afinal, o leitor de hoje é peça fundamental desse quebra-cabeça. A Autêntica publica literatura infantojuvenil desde 2008 e surfou na onda das compras governamentais, que sustentavam muitas editoras voltadas para esse público. Com o fim dos editais por causa da crise, a editora precisou calibrar a pontaria: em vez de mirar no Estado, passou a atirar no leitor e nas livrarias. Veio daí a ideia de lançar uma coleção de livros clássicos, entre eles “Pollyanna”, cujo texto está em domínio público e elimina um dos gargalos orçamentários das editoras –o pagamento dos direitos do autor.
Tanto que essa não é a única versão da história lançada neste ano no Brasil. Em março, a Coleção Folha Minha Biblioteca também levou a obra às bancas –mas em versão adaptada ao público infantil, recontada e ilustrada. Aliás, esse tem sido um destino comum para a história. “Pollyanna” é usada há décadas como maneira de mostrar para meninos e meninas que é preciso aprender a se adaptar aos maus momentos e nunca desanimar perante tristezas ou desafios.
Prova disso é que a primeira tradução no Brasil é de 1934 e foi feita por Monteiro Lobato, criador de histórias infantis como as do Sítio do Picapau Amarelo. Foi a partir dessa tradução para o português que Pollyanna e seu estilo de vida ficaram conhecidos no Brasil e permitiram que a menina se tornasse expressão popular.
Com uma personagem que não traz exatamente uma moral da história, mas é a mensagem em si, o livro conquistou também as mulheres e ganhou o apelido de “literatura de mulherzinha”. “Não há ação, aventura, violência ou suspense como nos livros atuais mais apreciados pelos meninos. Mas é lamentável que os garotos não se interessem pela história, pois as qualidades, a força, a determinação e a alegria de viver de Pollyanna independem do gênero –e eles poderiam aprender muito, muito mesmo, lendo esses livros”, diz Junqueira.
“Pollyanna” e “Pollyanna Moça”
Autora Eleanor H. Porter
Trudutora Márcia Soares Guimarães
Editora Autêntica
Preço R$ 29,90 cada um
Leitor avançado
Adaptação Dinah Sales de Oliveira
Ilustradora Rosana Urbes
Editora Folha de S.Paulo (Coleção Folha Minha Primeira Biblioteca)
Preço R$ 18,90
Leitor iniciante + leitura compartilhada
GOSTOU?
Clique aqui e receba todas as novidades por e-mail
Você pode entrar em contato com o blog pelo e-mail blogeraoutravez@gmail.com
Ou pelo instagram @blogeraoutravez
Conheça outros posts