5 perguntas filosóficas para Mauricio de Sousa e Mario Sergio Cortella

Bruno Molinero

Qual é o sentido da vida? A liberdade tem limites? Há diferença entre a sabedoria de uma criança e a de um adulto?

Essas e outras perguntas foram respondidas ao blog por Mauricio de Sousa e Mario Sergio Cortella. A dupla se reuniu na noite desta segunda-feira (11), em São Paulo, para o lançamento do livro “Vamos Pensar + Um Pouco?”, segunda parceria entre o pai da Turma da Mônica e o professor, publicado pela editora Cortez.

No título, uma espécie de “Minutos de Sabedoria” com fundo mais filosófico para crianças e adolescentes, Cortella apresenta conceitos como responsabilidade, dedicação, humildade e eternidade. Já que cada capítulo (chamado de lição pelos autores) tem apenas uma página e encerra o assunto em si, é possível ler a obra em qualquer ordem –e em qualquer lugar, como o metrô ou o recreio do colégio.

Os textos são amparados por nomes que vão de Vinicius de Moraes a Franz Kafka, de Sêneca ao francês André Gide. E são todos ilustrados por personagens da Turma da Mônica, repetindo a dobradinha iniciada no ano passado no primeiro livro da série: “Vamos Pensar um Pouco?”.

A parceria vai continuar. Prevista para julho, a edição da graphic novel inspirada no personagem Horácio trará um texto de Cortella sobre o dinossaurinho filosófico de Mauricio de Sousa. Além disso, o desenhista e o professor também estarão juntos em uma apresentação na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que vai ocorrer de 3 a 12 de agosto, no Anhembi.

Confira abaixo a entrevista.

 

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Como nesta terça (12) é comemorado o Dia dos Namorados, podemos começar falando de amor. Por que ele nem sempre traz felicidade?

Mario Sergio Cortella – Nenhuma emoção traz só felicidade. O amor é daqueles sentimentos que mexem com alguém. Por isso, traz perturbação, harmonia, dor. Ele não é isento de turbulências. É um sentimento humano e, portanto, não é algo insípido e sem sal. Ao contrário: amor é vulcânico. E é antecedido por algo ainda mais vulcânico –a paixão, que é um perigo, porque é a suspensão temporária do juízo.

 

Qual é o sentido da vida?

Mauricio de Sousa – Posso responder como o Horácio? A filosofia de vida dele é ajudar o próximo –e leva breque por causa disso, normalmente. De qualquer maneira, ele não se importa com o resultado desastroso. Ele fez o que gosta de fazer e se sente bem assim.

 

O título do livro é “Vamos Pensar + Um Pouco?”. O pensamento tem limite?

Cortella – Do ponto de vista operacional, como atividade mecânica do cérebro, sem dúvida. Mas como capacidade humana, não. O pensamento só é restrito pela impossibilidade humana. E essa está marcada por algo que está dentro e fora do pensamento: o sonho, que não tem limite. Sonhar é quando o pensamento desanda, é o transbordamento da racionalidade. Nosso cérebro até pode ter limites, mas nossa imaginação jamais.

Mauricio – Ainda bem!

Cortella – O Mauricio é um inventor de mundos. A princípio, apenas nós, humanos, somos capazes de inventar outros mundos desse modo.

 

Qual é a diferença entre a sabedoria da criança e a sabedoria do adulto?

Mauricio – A criança não tem peias, não tem obstáculos. Ela é livre. Por isso a gente aprende tanto com elas. Estão soltas no universo. O mundo para a criança é onde ela habita, é aquilo o que ela sente. Não existe nenhum obstáculo.

Cortella – Por isso que a literatura infantil e o gibi são decisivos. Eles potencializam essa característica da criança. Não é que substitua a imaginação. São como o quinto sabor que os asiáticos inventaram, que tem a capacidade de elevar a sensibilidade. É a mesma coisa com as histórias. Quando comecei a ler, aos seis anos de idade, principalmente as tirinhas do Bidu, claro que eu já imaginava e sonhava –mas aquilo me fazia ganhar mais fôlego. A criação e a ciência só acontecem quando o adulto não perde essa capacidade. Ele não pode ser infantil, mas não pode abandonar a imaginação sem peias da infância.

 

Ser livre é não ter peias ou amarras?

Cortella – Ser livre é ter disciplina para poder fazer o que se pode fazer, quando é possível fazê-lo. Ser livre não é fazer qualquer coisa. Podemos imaginar, mas não podemos produzir atos que possam, por exemplo, ferir outra pessoa. Não é que a liberdade seja limitada, mas ela é emoldurada pelas outras pessoas que também são livres.

Mauricio – Ser livre é usar bem o tempo. Se você usar bem, será livre.

 

“Vamos Pensar + Um Pouco?”

Autores Mauricio de Sousa e Mario Sergio Cortella

Editora Cortez

Preço R$ 30,90 (2018, 80 págs.)

Leitor intermediário

 


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