Sozinho, escritor cria circuito literário em bibliotecas e escolas públicas de São Paulo

Bruno Molinero

Tem gente que coleciona selos, moedas, brinquedos antigos. O escritor Alonso Alvarez coleciona histórias –de preferência, para crianças e adolescentes.

As aventuras ficam todas guardadas em um caixa, só esperando a vez de virem à tona e virarem livro. “Uma delas, sobre duas linhas, foi finalista do prêmio Jabuti em 2013, depois de ficar na caixa por mais de 20 anos”, diz.

Só que nenhuma história é completa sem um leitor do outro lado. Por isso, desde 2010, Alvarez participava do projeto Viagem Literária, lançado pela Secretaria da Cultura de São Paulo. Na programação, visitava bibliotecas do litoral e do interior do Estado para conversar com crianças e adolescentes, que liam as suas obras em sala de aula. Neste ano, porém, o encontro com os autores foi cancelado.

“Fiquei tão mal acostumado que, quando me disseram que neste ano não teria a Viagem, resolvi bolar uma coisa parecida perto de casa”, conta o escritor, que decidiu criar um circuito literário por conta própria em São Paulo. Para isso, selecionou três bibliotecas públicas na região da Vila Mariana e da Aclimação, onde mora, para conversar sobre literatura e sobre suas obras com alunos de escolas públicas próximas.

O autor visitou dez colégios no bairro e doou alguns de seus livros para professores lerem em sala de aula. Em troca, conseguiu que alunos entre 10 e 12 anos fossem dispensados das aulas para participarem da programação.

Os encontros acontecerão a partir desta terça-feira (25) nas bibliotecas Raul Bopp (25), Chácara do Castelo (27) e Viriato Corrêa (28). Gratuitos, os eventos ganharam apoio do Sistema Municipal de Bibliotecas e de uma gráfica do bairro para imprimir 1.500 folhetos de divulgação.

“A ideia vem dando certo porque é simples. Vou a pé aos lugares. O público também pode ir caminhando, no máximo de bicicleta. Porque tudo é próximo. Passo sempre em frente a uma das bibliotecas quando vou passear com o meu cachorro, por exemplo. Vou acabar conhecendo gente com quem sempre cruzo na padaria.”

CAIXA DE HISTÓRIAS

Grande parte das histórias nasceram ainda nos anos 1980, quando Alvarez tocava a livraria e editora Artepaubrasil, no bairro do Bexiga, que abria todas as noites e só fechava quando o último cliente ia embora. Passaram por lá nomes como Augusto de Campos, Paulo Leminski, Manoel de Barros e outros escritores que iam ao lugar para ler, conversar e ouvir música ao vivo e ver o ator Antônio Abujamra lendo poemas de Fernando Pessoa.

Enquanto as pessoas não iam embora, Alvarez criava histórias para crianças e adolescentes no balcão da livraria, muitas delas escritas atrás de filipetas e papeis soltos. Depois, tudo era guardado em uma caixa –a tal coleção de histórias. “Ainda faltam quatro infantis e algumas juvenis daquela época para serem publicadas”, diz Alvarez, que criou a própria editora anos depois, a Ficções.

A próxima história deve ser publicada em 2017 e aborda a discussão sobre o fim do livro, o livro digital e o de papel.

Tema importante para um escritor que escolheu justamente três bibliotecas para criar o seu passeio literário. “Alguns amigos escritores gostaram da ideia do passeio. E a intenção é justamente incentivar mais gente a fazer o mesmo.”

 

Passeio Literário ao Redor do Bairro

Quando dias 25 (biblioteca Raul Bopp), 27 (Chácara do Castelo) e 28 (Viriato Corrêa), às 14h

Onde Raul Bopp – r. Muniz de Sousa, 1155; Chácara do Castelo – r. Brás Lourenço, 333; Viriato Corrêa – R. Sena Madureira, 298

Quanto grátis

Mais alonsoalvarez.com.br/passeio

 


 

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