Flipinha encolhe e quer atrair também o público adulto
A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) mal começou, e os pedregulhos da cidade já veem pipocar aqui e ali a programação da Flipinha. A partir desta quarta (26), o braço infantil do evento levará ao litoral do Rio apresentações de literatura, cinema e até de meditação. Com uma diferença: neste ano, as atrações buscam atrair também o público adulto.
Há duas explicações para isso. A primeira é a queda no orçamento desta edição, cuja verba de montagem passou de R$ 5 milhões em 2016 para R$ 3,7 milhões em 2017. Isso afetou diretamente a programação infantil, que está sensivelmente mais enxuta se comparada ao ano passado. A programação oficial conta com uma média de três eventos literários por dia para esse público –o resto é cinema, meditação e até atividades ligadas ao universo náutico.
Com as contas mais justas, a parte infantil passou a ter mais pontos de intersecção com a programação principal, e alguns dos autores convidados para as mesas também participarão da Flipinha.
Vem daí uma das propostas mais interessantes: o Cortejo Literário, atração em que escritores “de adulto” caminharão por Paraty na companhia do público. Por um lado, eles poderão se apresentar e interagir com as crianças. Mas é claro que muitos adultos aparecerão para chegar perto dos escritores –o que pode colocar em xeque o caráter lúdico do encontro, se feito de forma não planejada.
Entre os autores participantes estão o ganhador do Jabuti em 2016 Julián Fuks, além de Noemi Jaffe e Jacques Fux, por exemplo.
Vale dizer que a Flipinha historicamente promove a interação entre crianças e escritores que não costumam produzir para esse público. Na edição do ano passado, nomes como Gregorio Duvivier, Xico Sá e Guto Lacaz participaram da programação.
Mas eram encontros pontuais. Neste ano, o cortejo acontece duas vezes por dia, a partir de quinta (27), com autores diferentes.
MESAS E MEDITAÇÃO
A segunda explicação para a Flipinha abertamente procurar mais os adultos é a percepção da própria curadoria de que aumentou o número de “gente grande” nas últimas edições.
“Tradicionalmente, onde hoje funciona a Central Flipinha, aconteciam as rodas de conversa com os autores convidados da programação. Esse bate-papo era, inicialmente, voltado para o público infantil. Nos últimos anos, vimos aumentar a participação de adultos –educadores, pais, escritores de literatura infantil e juvenil. Com isso, mudamos o formato das rodas de conversa”, diz Izabel Costa Cermelli, diretora-geral do programa educativo da Flip.
Uma das mudanças foi a criação do cortejo. A outra aconteceu nas mesas, que apresentam uma interlocução maior entre a curadora do programa principal, Joselia Aguiar, e a curadora pedagógica, Beatriz Goulart.
Entre os destaques estão a mesa de quinta (27), em que Lázaro Ramos e a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques, autora do livro “Racismo em Português”, falarão sobre o tema “A Pele que Habito”. E a de domingo (30), quando as vencedoras do Jabuti Ana Miranda e Maria Valéria Rezende participarão de encontro cujo mote é “Todas as Idades”. As mesas acontecem diariamente.
Além de literatura, há também exibições de filmes, uma aula de meditação (sábado, às 13h30) e até atividades ligadas ao mundo da navegação, em parceria com o Instituto Náutico de Paraty.
Entre os filmes em destaque estão o longa “Jonas e o Circo sem Lona” e o curta “Meninos e Reis”, que trata da tradição do reisado do Nordeste e tem direção da jornalista Gabriela Romeu –autora do livro “Terra de Cabinha”, cujo universo tem muito em comum com o filme e já foi comentado aqui no blog.
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Flipinha
Quando de 26 a 30 de julho
Onde Paraty (RJ)
Quanto grátis
Mais informações e programação completa flip.org.br
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