Era Outra Vez https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br Literatura infantojuvenil e outras histórias Wed, 28 Aug 2019 18:58:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ficou em SP no feriado? Ziraldo é tema de três exposições https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/11/02/ficou-em-sp-no-feriado-ziraldo-e-tema-de-tres-exposicoes/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/11/02/ficou-em-sp-no-feriado-ziraldo-e-tema-de-tres-exposicoes/#respond Fri, 02 Nov 2018 12:45:31 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/030_CASA_MELHORAMENTOS_034-320x213.jpg https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2686 Se o clima não está para praia, se o trânsito impediu de pegar a estrada, se a possibilidade de uma cidade vazia pareceu a melhor proposta. Não importa. São Paulo tem uma série de passeios para pais e filhos fazerem juntos durante o feriado –incluindo duas exposições sobre a obra de Ziraldo, além de uma terceira que vai abrir as portas em breve.

As duas já inauguradas estão na nova Casa Melhoramentos e no Sesc Interlagos e abordam a carreira do cartunista, desenhista, jornalista e autor de livros para crianças. A terceira exposição ocorrerá no MIS (Museu da Imagem e do Som).

No dia 14 de novembro, a mostra “Quadrinhos” será inaugurada com uma retrospectiva do universo da HQ no museu. Uma das salas será exclusiva para o trabalho de Ziraldo.

O pai do Menino Maluquinho foi internado no fim de setembro, após ter sofrido um AVC. Um mês depois, quando estava prestes a completar 86 anos, recebeu alta e agora se recupera em casa.

Abaixo, saiba mais sobre as programações.

 

 

ZIRALDO ESPACIAL

Entre as mostras, uma das principais é “Planetas do Ziraldo”. A exposição fica em cartaz na nova Casa Melhoramentos, centro cultural inaugurado no mês passado pela editora que publica a obra do cartunista há quase 40 anos. Entre as curiosidades, está o bilhete do astronauta Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na Lua. Nele, o americano afirma: “The moon is Flicts” (a Lua é Flicts, em português, em referência ao clássico livro do autor).

A programação é assinada pela cineasta Daniela Thomas, filha de Ziraldo. Embora o passeio gire em torno da série “Os Meninos dos Planetas”, com histórias para cada planeta do Sistema Solar, há menções a outros livros e exibição de rascunhos guardados no acervo pessoal do artista.

 

“Os Planetas do Ziraldo”

Onde Casa Melhoramentos (r. Tito, 479, Vila Romana; tel. 3874-0402)

Quando até 22/12; qua. a sáb., 9h às 21h (até 30/11); qui. a dom., 9h às 21h (1º a 22/12)

Quanto grátis

 

 

*

 

TUDO JUNTO

Daniela Thomas, filha do cartunista, também está à frente de outra exposição: “Ziraldo… De A a Zi”, que apresenta cerca de 500 obras no Sesc Interlagos. Entre elas, 200 criações originais do acervo do cartunista e outras peças de colecionadores.

Além dos livros infantis, a mostra explora as diferentes atividades de Ziraldo, como a vida de jornalista e o papel atuante no Pasquim. Um dos principais destaques são os desenhos feitos na prisão durante a Ditadura.

 

“Ziraldo… De A a Zi”

Onde Sesc Interlagos (av. Manuel Alves Soares, 1.100; tel. 5662-9500)

Quando até 4/8/2019; qua. a dom., 10h às 17h

Quanto grátis

 

 

*

 

MUNDO DA HQ

Uma retrospectiva do mundo dos quadrinhos vai ser inaugurada no MIS (Museu da Imagem e do Som) no próximo dia 14 de novembro. Com revistas, itens raros e originais, a exposição “Quadrinhos” vai passar por super-heróis, histórias de faroeste, mangás e diferentes perfis do gênero.

Nela, uma das salas será exclusiva para os livros e personagens de Ziraldo. Simulando o seu estúdio, apresentará a obra do autor e falará sobre o processo de criação de suas tirinhas, com objetos originais e painéis explicativos.

 

“Quadrinhos”

Onde MIS (av. Europa, 158, Jardim Europa; tel. 2117-4777)

Quando 14/11 a 31/3/2019;  ter. a sáb., 10h às 20h ( permanência até 22h); dom., 9h às 18h ( permanência até 20h)

Quanto R$ 15 a R$ 30

 


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Livros infantis de Chico Buarque ilustrados por Ziraldo são relançados https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/04/24/livros-infantis-de-chico-buarque-ilustrados-por-ziraldo-sao-relancados/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/04/24/livros-infantis-de-chico-buarque-ilustrados-por-ziraldo-sao-relancados/#respond Mon, 24 Apr 2017 12:32:14 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/lobo-180x92.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1420 Já faz 40 anos que uma gata, um jumento, um cachorro e uma galinha saíram cantando por aí e colocaram seus patrões para correr. Faz mais ou menos esse tempo também que uma menina amarelada de tão medrosa peitou o Lobo e teve uma ideia genial para deixar de sentir arrepios ao pensar na criatura malvada.

“Os Saltimbancos” e “Chapeuzinho Amarelo” foram escritos por Chico Buarque ainda na década de 1970, quando o Brasil passava por uma explosão na literatura infantojuvenil e nomes como Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Lygia Bojunga se consolidavam. As duas histórias logo se tornaram clássicos, desses que são passados de pais para filhos. E acabaram de ganhar novas edições, lançadas pela editora Autêntica.

O caso mais famoso é o de “Os Saltimbancos”, de 1977, cuja versão original é italiana e foi traduzida e adaptada por Chico Buarque –e misteriosamente fez mais sucesso aqui do que na Itália. Quem nunca ouviu a música “História de uma Gata” ou os inconfundíveis “Au, au, au. Hi-ho, hi-ho / Miau, miau, miau. Cocorocó” da canção “Bicharia” provavelmente estava dormindo nas últimas décadas. Abaixo, a interpretação de Vanessa da Mata.

 

A história da bicharada nasceu como peça de teatro, interpretada pela primeira vez no Canecão, no Rio de Janeiro. Na montagem, que fala de quatro animais que resolvem tentar a vida na cidade para não serem mais explorados por seus donos, a atriz Marieta Severo dava vida à Gata, Miúcha fazia a Galinha, Pedro Paulo Rangel era o Cachorro e Grande Othelo interpretava o Jumento. Do coro, participavam diversas crianças –entre elas Bebel Gilberto, então com 11 anos.

O espetáculo foi sucesso de crítica e de prêmios, dando origem a outras obras, como filmes dos Trapalhões. Mas, em livro mesmo, “Saltimbancos” só foi aparecer em 2007. Na comemoração de 30 anos da peça, a editora José Olympio, que hoje pertence ao grupo Record, publicou a dramaturgia de Chico Buarque, ilustrada pelo traço inconfundível de Ziraldo.

Vale a pena conhecer a gata preguiçosa, o jumento trabalhador e o cão sempre vigilante com os desenhos coloridos, mas sempre próximos ao cartum, feitos pelo pai do Menino Maluquinho. Só que não tem jeito: a experiência fica completa apenas com as músicas. Quem não tem o disco pode ouvi-lo na íntegra no YouTube.

É esse livro que sai agora pela Autêntica. A mudança se dá após a saída da editora Maria Amélia Mello da José Olympio, agora na Autêntica. Outra obra de Chico Buarque com ilustrações de Ziraldo fez o mesmo caminho: “Chapeuzinho Amarelo”.

Essa sim foi concebida e publicada como literatura para crianças –e com enorme sucesso, tanto que chega à 40ª edição. A narrativa fala de uma menina que tem medo de tudo. E não só das coisas, mas medo do medo. Por isso, “vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo”. Mas o grande receio dela era o Lobo.

A história recebeu o selo de Altamente Recomedável da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) logo que foi lançada, em 1979. A primeira edição saiu pela editora Berlendis & Vertecchia, na inauguração da casa, com ilustrações e projeto gráfico de sua fundadora, Donatella Berlendis. Foi apenas na década de 1990 que a história passou para a José Olympio, que chamou Ziraldo para ilustrá-la. O cartunista ganhou o prêmio Jabuti de ilustração em 1998 pelo trabalho no livro.

A edição que saiu neste ano segue essa segunda versão e ajuda a manter a menina medrosa que enfrenta o Lobo viva por mais uma geração. Quem sabe por mais 40 anos.

 

“Chapeuzinho Amarelo” e “Os Saltimbancos”

Autor Chico Buarque

Ilustrador Ziraldo

Editora Autêntica

Preços R$ 37,90 (2017, 36 págs) cada um

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10 livros para ler com os filhos no Dia da Criança https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/10/12/10-livros-para-ler-com-os-filhos-no-dia-da-crianca/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/10/12/10-livros-para-ler-com-os-filhos-no-dia-da-crianca/#respond Wed, 12 Oct 2016 16:20:00 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/leitura-capa-para-caderno-180x94.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=612 É fácil saber quando é Dia da Criança. Enquanto lojas de brinquedos engolem pais e filhos, até consultório de dentista arranja um jeito de contratar um palhaço para alegrar cáries e canais. Espetáculos, contações de histórias, bexigas amarradas em árvores, oficinas de pintura de rosto e todo um fuzuê se multiplicam pela cidade.

Para dar um respiro na programação ou aproveitar alguns segundos de silêncio, confira abaixo dez dicas de livros para ler com os filhos –mas não se engane: na área infantil das livrarias, provavelmente você vai acabar esbarrando em um mágico de fim de semana ou em uma Peppa tamanho família.

 

*

 

O LOBO NÃO VEM?

Vilão temido em onze de cada dez histórias infantis, o lobo já assustou muita vovozinha, chapeuzinho, porquinho e outros “inhos” mais. Até que um menino fica frente a frente com a criatura de olhos tão grandes, orelhas tão compridas e boca enorme! E tem uma ideia um pouco diferente. Com pouco texto e muita sensibilidade, o livro dá outros significados ao personagem e mostra a importância da amizade.

 

“Este É o Lobo”

Autor Alexandre Rampazo

Editora DCL

Preço R$ 27 (2016; 56 págs.)

Leitor iniciante + leitura compartilhada

 

*

 

PATO COM CHULÉ

Neste ano, o Dia da Criança cai em uma quarta-feira. Mas quando o feriado calha em outro dia e é possível emendá-lo com o fim de semana, famílias inteiras costumam pegar o carro (ou o avião) para viajar. É uma viagem mais ou menos assim que Pablo faz com os pais, na história desse livro. Até que no hotel fazenda onde foram passar uns dias, ele pisa numa poça de lama e seu sapato começa a fazer: “Quack”! Será que, depois disso, ele consegue falar com os patos do lugar?

 

“O Sapato-Pato de Pablo”

Autor Marcelo Jucá

Ilustradora Andréia Vieira

Editora SM

Preço R$ 38 (2016; 40 págs.)

Leitor intermediário + leitura compartilhada

 

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JACARÉ ENXERIDO

A história do colunista da Folha Antonio Prata marca a estreia da nova editora Ubu na literatura infantil. Nela, uma menina menina vai à escola, toma banho, dorme e faz outras atividades normais da rotina de uma criança. Com uma diferença: em cada uma das tarefas, aparece um enxerido jacaré. “O humor na infância começa com a estranheza, com o que está fora do lugar”, diz Prata. Leia mais sobre o livro aqui.

 

“Jacaré, Não!”

Autor Antonio Prata

Editora Ubu

Preço R$ 39,90 (2016; 48 págs.)

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BIOGRAFIA EM QUADRINHOS

Tem gente que escreve livro de memórias, diário, autobiografia, é biografado por alguém. Mauricio de Sousa, o pai da Turma da Mônica, teve partes de sua vida transformadas em diferentes histórias em quadrinhos por um time de artistas. Tudo foi reunido no livro “Memórias do Mauricio”, que conta visualmente causos como a vez em que precisou queimar os seus gibis quando era criança ou quando sofreu uma pegadinha do Ziraldo em Paris.

 

“Memórias do Mauricio”

Autores Vários

Editora Panini Books

Preço R$ 140 (2016; 212 págs.)

Leitor intermediário

 

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DE BOCA CHEIA

Só no português falado no brasil tem biju, aipim, pipoca, tapioca, cutia e sucuri. Márcia Leite combina palavras e sons que remetem ao tupi para criar poemas de versos curtos sobre o dia a dia de aldeias indígenas. As bonitas ilustrações aquareladas de Tatiana Móes fazem do livro uma história para ser lida com a boca cheia e os olhos atentos. A obra foi selecionado pelo Itaú para ser distribuído gratuitamente na campanha Leia Para Uma Criança.

 

“Poeminhas da Terra”

Autora Márcia Leite

Ilustradora Tatiana Móes

Editora Pulo do Gato

Preço R$ 38, 50 (2016; 32 págs.); ou grátis aqui

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AMIGO PELUDO

Tem gente que cria amizade com cachorro, gato, cavalo, porco… Mas Zeca resolveu abrir prosa com um esquilo. E não é que ele respondeu? Juntos, menino e bicho entram na mata, encontram morcegos, gambás e até uma terrível onça. No fundo da brincadeira, os dois aprendem valiosas lições de amizade. E o leitor, além disso, uma boa curiosidade: sabia que, no Brasil, esquilo também é chamado de serelepe, caxinguelê, caxixé, quatipuru e acutipuru?

 

“Serelepe”

Autora Silvana Salerno

Ilustrador Bruno Nunes

Editora Carochinha

Preço R$ 32,90 (2016; 32 págs.)

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INÍCIO DE UM CLÁSSICO

Você já deve ter ouvido falar da Píppi Meialonga. A personagem da escritora Astrid Lindgren virou um clássico no mundo todo, o que fez a autora ser traduzida para mais 80 línguas. Nesse livro, Píppi aparece pela primeira vez na vila Vilekula, onde vai morar sozinha –na verdade, com um macaco e um cavalo enorme. E não é que, do jeito mais maluco possível, ela consegue se virar?

 

“Você Conhece a Píppi Meialonga?”

Autora Astrid Lindgren

Tradutora Heloisa Jahn

Ilustradora Ingrid Nyman

Editora Companhia das Letrinhas

Preço R$ 29,90 (2016; 32 págs.)

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SEREIA REAL

Inaê vai à escola, brinca na praia, faz as tarefas de casa –tudo em uma cadeira de rodas. Para explicar por que a filha não pode caminhar, a mãe da menina inventou uma história fantástica sobre a garota ter sido uma sereia, uma princesa dos oceanos. E, por suas pernas não terem se adaptado bem ao mundo fora d’agua, é por isso que elas não funcionam. A autora, que também é bonequeira, cria uma narrativa sensível para falar com crianças sobre respeito às diferenças.

 

“Serei Sereia?”

Autora Kely de Castro

Ilustradora Amanda de Azevedo

Editora Kapulana (2016; R$ 36,90)

Leitor intermediário + leitura compartilhada

 

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FEIRA DA FRUTA

Alan Laranjeira é um funcionário público desses bem cri-cris, sabe? Implica com tudo, acha defeito em qualquer detalhe. Laranjeira fiscaliza frutas, de todos os tipos: jaboticaba, morango, mamão, caqui, jaca, carambola. Até que encontra uma maçã-do-amor. O livro foi escrito pelo cantor e compositor Chico César, que mostra uma face mais infantil de sua obra na história.

 

“O Agente Laranja e a Maçã do Amor”

Autor Chico César

Ilustradora Fernanda Lerner

Editora Escritinha

Preço R$ 32

Leitor inicante + leitura compartilhada

 

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CRÔNICAS DA CECÍLIA

Cecília Meireles é conhecida pelas crianças principalmente por seus poemas infantis, como “Ou Isto ou Aquilo” e outros versos que parecem brincadeira. Nesse livro, a importante escritora brasileira ganha uma seleção de crônicas para crianças mais velhas e adolescentes –afinal, Dia da Criança não é só para leitores pequenos, certo?

 

“Janela Mágica”

Autora Cecília Meireles

Ilustrador Orlando Pedroso

Editora Global

Preço R$ 39 (2016; 104 págs.)

Leitor avançado

 


 

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Brasileiro não conhece a literatura do próprio país, diz Ziraldo https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/09/04/brasileiro-nao-conhece-a-literatura-do-proprio-pais-diz-ziraldo/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/09/04/brasileiro-nao-conhece-a-literatura-do-proprio-pais-diz-ziraldo/#respond Sun, 04 Sep 2016 16:38:40 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/16242506-180x127.jpeg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=459 Prestes a completar 84 anos e com mais de 150 livros e 8 milhões de exemplares vendidos, Ziraldo diz que ainda está longe de perder o pique.

“Tudo o que você faz com carinho não cansa”, diz o escritor, que participou das 24 edições da Bienal do Livro de São Paulo e autografa sua nova obra no evento deste ano, neste domingo (4), a partir das 15h, no estande da editora Melhoramentos.

Quando criança, Ziraldo era moleque. Subia em árvore, corria e jogava bola. Por isso, a maior parte do seus personagens são meninos –o mais famoso deles, um bem Maluquinho. Mas de um tempo para cá, ele vem explorando o universo das garotas. Seu novo livro, “Meninas”, é um elogio à fase que toda menina passa: o período entre largar a boneca e o o início da pré-adolescência.

Leia abaixo entrevista que o autor deu ao blog.

 

*

NOME
NOME Ziraldo // IDADE 83 // LIVROS RECOMENDADOS ‘O Menino Maluquinho’, ‘Flicts’, ‘Meninas’ // LIVRO FAVORITO NA INFÂNCIA gibis do Flash Gordon

Folha – A Bienal está mais vazia neste ano?

Ziraldo – A Bienal sempre é muito cheia. Mas já foi muito mais. Acho que o pessoal anda meio sem dinheiro.

O engraçado é que são as mesmas famílias que vêm falar comigo. Outro dia apareceu um avô para eu autografar o livro dele. Mas pai e mãe segurando os livros que leram na infância, muitas vezes acompanhados dos filhos, são metade da fila de autógrafos. Por isso demora tanto. O ruim é ficar quatro horas sem ir ao banheiro –sendo que velho vai de meia em meia hora, né?

 

Qual o segredo para aguentar firme nas filas tão grandes?

O negócio é o seguinte: tudo o que você faz com alegria, com diversão, não cansa. É isso o que sei fazer, é o que eu faço no capricho. E eu tenho uma característica física ou psicológica que me faz cansar só depois que acaba. Não registro cansaço enquanto estou dando autógrafo nem sensação de fome. Mas, quando acaba, eu caio morto.

 

E como está a saúde?

Ninguém entende a velhice. Eu cheguei na velhice e descobri que ninguém entende mesmo. A única coisa em comum que um velho tem com o outro são as dores. Qualquer organismo com mais de 80 anos está com os mesmos problemas. O que envelhece é o “cavalo”, a “entidade” está bem. Na umbanda, nosso corpo se chama cavalo. E nossa alma se chama entidade. Quando está na hora de a entidade se mandar, o que a pessoa faz? Canta para subir. Eu estou quase na hora de cantar para subir [risos].

 

Sua religião é a umbanda?

Imagina. Eu não sigo religião nenhuma. Nasci em uma família católica, ainda faço o sinal da cruz até hoje. Mas como proposta filosófica, a umbanda é a religião mais bonita do mundo.

 

As crianças que vêm pedir autógrafo mudaram muito nesses anos?

Mudaram nada. Criança não muda. A essência humana não muda. Freud usou esteriótipos gregos, ligados à cultura da Grécia antiga. Os gregos já eram neuróticos. Quer ver? Tente inventar um sentimento. Pode ficar anos pesquisando. Não tem como. O elenco de sentimentos é finito e são os mesmos desde que o homem é homem: inveja, saudade, carência, alegria, tristeza. É só isso o que a gente tem. O sentimento é imutável.

Então, a criança também não mudou nada. Veja aquele conto do flautista mágico, que tocava e fazia as crianças seguirem ele. Isso ainda está aí. Só que elas correm atrás da televisão, do MMA. Mas o sentimento ainda é o mesmo. Por isso, meus personagens não tem nome. É sempre o Menino. Porque eu falo de sentimentos.

 

E agora é a vez da Menina.

Na verdade, essa história é um ensaio disfarçado. Quis falar sobre essa instituição fantástica que é a menina, que só dura quatro verões: dos 7 aos 11 anos. Depois disso, ela é pré-adolescente, começa a ser tocada fisicamente pelas diferenças sexuais. Antes disso, ela ainda brinca de boneca. Mas esses quatro anos, quando a menina descobre a si mesma no mundo e vai se questionando em relação aos outros, é o momento mais bonito do ser humano.

 

Por que falar especificamente sobre essa fase?

Não tem esse negócio de inspiração. Você está envolvido com a literatura todos os dias. É aquela história do sambista. De repente cai uma folha da mangueira. Aí eu falo: “Pô, olha aí uma folha caindo da mangueira”. É o que o ser humano registra. Aí, vem o sambista. Ele vê a mesma cena e já pensa: “Nossa, isso dá um samba”.

O menino pra mim dá samba, porque eu fui menino. Agora comecei a pensar em menina também.

 

“Meninas” faz referências a todo instante a “Alice no País das Maravilhas”.

Eu tenho uma neta chamada Alice. Em toda viagem que faço, compro um “Alice no País das Maravilhas” para ela. É um dos livros mais traduzidos do mundo. Ela tem “Alice” em japonês, coreano, egípcio. São mais de cem versões na casa dela. Eu já li e reli a história trezentas vezes. Estudei muito sobre o Lewis Carroll. O que está contido nesse livro novo eu percebi nas minhas sucessivas leituras.

Em “Alice”, Carroll não descreve uma menina –mas a entidade feminina enquanto criança. Só que eu não ia escrever isso num livro, né? Agora, se você ler, é isso o que está sendo dito.

 

O livro surge em uma fase em que falar sobre feminismo está na moda.

Outro dia, veio uma menina falar que era muito simpático eu trabalhar pelo empoderamento da mulher. Aí, quando ela foi embora, pensei: o que é empoderamento? Eu nunca tinha ouvido essa palavra. Só depois vi que era uma palavra da moda, sobre “levar ao poder”, “dar poder”. Não sei se está dicionarizada, mas faz sentido.

Eu estava com um amigo outro dia: “Fulano de tal é muito inteligente, mas tem uma ‘pedância’ muito grande.” É um cara pedante, logo ele tem “pedância”. As palavras são assim, são inventadas, como “empoderamento”. Por que não existe “interessância”?

 

O empoderamento feminino pode impulsionar o livro?

Pode ser, mas não fiz com essa intenção. Eu não faço nada com segundas intenções. Faço quando me comovo com um tema.

O fato é que a menina lê mais do que toda a fila de meninos. Quem lê é menina. É sempre ela que pede para tirar foto comigo, quer um autógrafo. Menina sempre leu mais que menino e sempre teve mais preocupações de ordem filosófica. O ser humano feminino se questiona muito mais que o masculino.

 

O brasileiro conhece bem a literatura brasileira?

Não conhece nada! Quem lê com profundidade por aqui?

Mas pode ser que surja em breve uma geração de leitores, porque há um esforço profundo para que isso ocorra. Principalmente depois que foi aprovada a última lei de Diretrizes e Bases [em 1996] e que passou-se a adotar livros nas escolas. É isso o que permite ao escritor infantil minimamente sobreviver –e não a venda em livraria.

 

Também tinham as compras do governo

E esse governo parou de comprar. Já quebrou muita editora. Teve editora nesses últimos anos que não lançou nenhum livro novo.

 

Até quando pretende escrever para crianças?

Enquanto eu estiver vivo. Tenho uma série em que criei dez personagens. Cada um habita um planeta diferente do Sistema Solar. Faltam três. Eu fiz para garantir pelo menos dez anos de vida. Faço um por ano e não posso morrer enquanto não acabar a série. Se, assim que escrever o décimo, eu não apagar, conforme o compromisso que assumi, aí invento outra série. De 12 livros [risos].

 

Pode fazer dos signos. Está na moda também.

É uma boa ideia, hein? Criar uma história para o Escorpião.

 

Daqui a 50 anos, seu nome vai ser lembrado pela literatura infantojuvenil?

Se você consegue encantar uma geração, fica muito difícil de desaparecer. É o caso do Monteiro Lobato, do Lewis Carroll, irmãos Grimm.

 

Não pretende entrar para a Academia Brasileira de Letras?

Fui candidato, mas renunciei porque o José Mindlin [1914-2010] também se candidatou. Quando o Mindlin morreu, eu falei para eles que ia me candidatar de novo. Aí me disseram que talvez fosse melhor esperar, porque tinha outro nome forte na disputa. Mas não é eleição? Achei que seria natural ficar com a vaga que tinha dado para o Mindlin e continuei na disputa. Dei com os burros n’água. Aí não me candidatei mais. Mineiro é assim. Mas pode escrever aí: se eles quiserem me chamar, aceito sem problemas.

 

1537506

 

“Meninas”

Autor Ziraldo

Editora Melhoramentos

Preço R$ 49 (2016; 48 págs.)

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Flipinha ignora os clássicos e os mais vendidos https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/06/30/flipinha-ignora-os-classicos-e-os-mais-vendidos/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/06/30/flipinha-ignora-os-classicos-e-os-mais-vendidos/#respond Thu, 30 Jun 2016 05:15:27 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/AX151_4803_9-180x120.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=16 A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) começou oficialmente ontem (29), mas é hoje que a programação do evento tem início para valer. Enquanto acontecem debates, saraus, shows e oficinas, as ruas e as mesas dos bares do centro histórico logo recebem uma mistura de escritores, leitores e turistas –e também crianças.

Não por acaso, existe um pedaço da Flip só para elas: a Flipinha. A versão infantil, que acontece desde 2004, é uma ótima maneira de dar o pontapé inicial neste blog Era Outra Vez.

Até domingo, meninos e meninas terão contato no litoral do Rio com peças de teatro, rodas de tambores, livros, contações de histórias e, claro, autores e ilustradores convidados pela organização (veja a programação completa aqui). Assim como a Flip “adulta” convida uma série de escritores, a Flipinha também recebe uma seleção de nomes ligados à literatura infantojuvenil para conversar com crianças, pais e professores.

Com duas diferenças principais. A primeira é que a Flipinha é de graça, enquanto as mesas da Flip custam R$ 50 –um alívio para as mesadas dos filhos e o bolso dos pais. A segunda está na escolha dos convidados.

A programação oficial da Flip tem nomes como Caco Barcellos, Heloisa Buarque de Hollanda, Armando Freitas Filho, Tati Bernardi, J. P. Cuenca, Walter Carvalho e outros. Isso sem falar na jornalista Svetlana Aleksiévitch, de Belarus, que recebeu o Nobel de literatura em 2015. Você pode conhecer uns, ignorar outros, achar uma parte meio babaca e outra genial. Mas provavelmente acha alguma coisa sobre parte dos selecionados, o que, no fundo, é um dos motivos para pegar o carro ou o ônibus e desembarcar em Paraty.

Isso é ainda mais importante quando o público-alvo é a criança. Se ir à Flipinha não é como comer brócolis, ou seja, não é uma imposição dos pais do tipo “você vai fazer isso e ponto final”, seria importante ter um leque de autores do qual o público infantil já tenha ouvido falar e tenha curiosidade de conhecer. Ficar frente a frente com “o cara que fez aquele livro que eu li” em casa, na escola ou, no caso dos mais velhos, por vontade própria.

Acontece que as obras trabalhadas nas escolas, em 99% dos casos, são paradidáticos ou de autores já consagrados: Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, Ziraldo, Eva Furnari. Nos quadrinhos, o velho rei é Mauricio de Sousa há décadas. Já no caso dos livros lidos espontaneamente, é difícil fugir dos nomes mais pops, como Thalita Rebouças, Paula Pimenta ou Toni Brandão, por exemplo. Em qualquer bienal do livro, a fila para pegar o autógrafo deles é faraônica, pode levar horas para o desespero dos pais.

Só que nenhum desses nomes está na Flipinha neste ano.

Crianças participam da programação da Flipinha na quarta-feira (29), em Paraty (RJ)
Crianças participam da programação da Flipinha na quarta-feira (29), em Paraty (RJ) (Foto: Keiny Andrade/Folhapress)

“Já participaram Ana Maria Machado, Eva Furnari e outros escritores. Mas nos preocupamos em não chamar alguém só porque ele é considerado ‘grande’ ou porque está vendendo muitos livros”, diz Izabel Cermelli, diretora-geral da programação infantil e juvenil da Flip.

O caso do Ziraldo merece um parêntese: ele chegou a ser convidado em 2010, mas depois se recusou a participar e entrou em polêmica ao declarar que sua negativa tinha sido motivada por causa do nome do evento: Flipinha, cujo diminutivo supostamente colocaria a programação em um segundo plano em relação à da Flip. Não vou entrar nesse assunto agora, mas espero em breve discutir por aqui se a literatura infantojuvenil é realmente considerada de “segunda classe”.

De qualquer forma, há escritores e ilustradores interessantes na programação deste ano. Vale a pena escutá-los, questioná-los, conhecê-los –com destaque para a premiada Angela-Lago, que estará em Paraty e tem alguns de seus livros trabalhados em escolas. Assim como participar de outros eventos e conhecer o projeto completo da Flipinha, que é assunto durante todo o ano nas escolas públicas de Paraty. Os autores convidados visitam esses colégios durante sua passagem pela cidade.

Mas volto à questão da identificação. Neste ano, quem provavelmente vai chamar mais atenção e lotar a plateia é o ator Lázaro Ramos, que escreveu três livros infantis e estará na Flipinha. Mas a curiosidade do público passa muito mais por seus filmes e novelas, que não param de passar na TV, do que efetivamente pelas obras.

A culpa é da criança? Claro que não. São os autores que fazem parte do seu dia a dia que provavelmente não estão lá em Paraty.

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FLIPINHA

ONDE Paraty (RJ)

QUANDO até domingo (3)

PROGRAMAÇÃO acesse o site


 

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