Era Outra Vez https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br Literatura infantojuvenil e outras histórias Wed, 28 Aug 2019 18:58:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Jabuti recebe críticas por reunir livros infantis e juvenis em uma só categoria https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/05/18/premio-jabuti-recebe-criticas-por-livros-infantis-e-juvenis-em-uma-so-categoria/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/05/18/premio-jabuti-recebe-criticas-por-livros-infantis-e-juvenis-em-uma-so-categoria/#respond Fri, 18 May 2018 17:49:16 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/jabuti-320x213.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2429 As mudanças no prêmio Jabuti anunciadas nesta semana geraram críticas no universo do livro infantojuvenil.

Em linhas gerais, o prêmio sofrerá uma diminuição no número de vencedores, que passam a ser apenas um por categoria, em vez dos três eleitos tradicionalmente. Além disso, somente um título será escolhido como obra do ano, recebendo R$ 100 mil, em vez dos antigos R$ 35 mil.

Mas o que afetou diretamente a produção literária para crianças e adolescentes foi a diminuição do número de categorias, que passam a ser 18 em vez de 29. Assim, livros infantis e juvenis serão julgados e premiados juntos, competindo entre si. Outra mudança foi a extinção da categoria específica para ilustrações de obras para crianças, assim como a Digital Infantil.

“Agrupar literatura infantil e juvenil seria como, grosso modo, premiar em uma só categoria gêneros tão distintos quanto romance e poesia. Um leitor criança não alcança o que se escreve para um adolescente. A forma e o conteúdo são distintos. É quase como tentar misturar água e óleo”, acredita o escritor Tino Freitas.

Diferentes autores, editores e ilustradores criticaram as decisões da CBL (Câmara Brasileira do Livro), que organiza o prêmio. Além de verem uma aparente impossibilidade de julgar com critérios objetivos obras para crianças e adolescentes juntas, o sumiço do troféu específico para a ilustração foi visto como uma desvalorização do trabalho dos ilustradores.

Segundo a premiada Marilda Castanha, trata-se de um retrocesso para o próprio prêmio. “Desconsiderar a categoria de ilustração infantil é, de uma só vez, anular a imagem como narrativa, o ilustrador como autor e o livro como um objeto de diferentes linguagens.”

Apesar das reprovações, tanto Marilda quanto Tino acreditam que o impacto das alterações não será grande na produção de livros em si. “Não se publica para ganhar o Jabuti ou outro prêmio. Mais prejudica a interrupção de programas públicos de aquisição de livros, que atinge mais obras”, diz Tino.

OUTRO LADO

Questionada, a CBL afirma que a junção dos gêneros infantil e juvenil não ocorreu por questões orçamentárias, mas por uma mudança no comportamento de leitura dessas faixas etárias.

“Sem dúvida é possível fazer a avaliação em uma mesma categoria. É importante esclarecer que ela é feita por jurados profissionais e experientes que têm conhecimento sobre o tema e saberão julgar e atribuir notas considerando as características de cada obra. Os critérios de avaliação no regulamento são idênticos aos da edição passada, tanto para o infantil quanto para o juvenil. Isso demonstra que não há qualquer prejuízo para a avaliação”, afirma Luiz Armando Bagolin, curador da 60ª edição do Jabuti.

Sobre o fim da categoria específica para ilustrações de obras infantis, a CBL afirma que não houve uma extinção e que esses trabalhos continuam concorrendo ao Jabuti na categoria Ilustração. “Na nossa visão, a ilustração infantil está sendo valorizada. O fato de não ter mais uma categoria específica para ilustradores infantis não é sinal de desprestígio –ao contrário, a excelência desses profissionais faz com que suas obras possam ser competitivas dentro da categoria maior”, diz Bagolin.

Com o prêmio dividido em quatro eixos –Literatura, Ensaios, Livro e Inovação–, a categoria Ilustração ficará sob o guarda-chuva do Livro, que tem caráter mais técnico.

“A inclusão não tem por finalidade tratar a ilustração como uma funcionalidade ornamental ou desvalorizá-la. A razão tem sentido mais prático: a ilustração, dentro do eixo Livro, será avaliada na sua versão impressa, e não apenas em PDF, o que permitirá ao jurado fazer a avaliação em um contexto real e de forma mais adequada”, completa Bagolin.

A cerimônia para anunciar os vencedores ocorrerá no dia 8 de novembro.

 


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Um milhão de exemplares infantojuvenis deixaram de ser publicados em 2017 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/05/03/um-milhao-de-exemplares-infantojuvenis-deixaram-de-ser-publicados-em-2017/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/05/03/um-milhao-de-exemplares-infantojuvenis-deixaram-de-ser-publicados-em-2017/#respond Thu, 03 May 2018 12:25:42 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/249196-work-320x213.jpeg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2393 Quando comparamos a publicação de literatura infantil e juvenil em 2016 e em 2017, mais de um milhão de exemplares deixaram de chegar às livrarias e a outros pontos de venda.

Os números vieram a público nesta quarta-feira (2), com a última edição da pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”.

O levantamento, encomendado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro) e pelo Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), mostra que em 2017 foram produzidos cerca de 16 milhões de exemplares de literatura infantil. Entre os juvenis, foram 9,7 milhões.

Já no ano passado os números foram 16,6 milhões (crianças) e 10,2 milhões (adolescentes). Uma redução de quase 1,2 milhão.

A queda está inserida em uma retração geral do mercado de livros no país. Em 2017, foram lançados por volta de 393 milhões exemplares no geral –contra 427 milhões em 2016. Ao todo, o setor sofreu uma retração de 1,9% no faturamento, em valores nominais. Descontada a inflação, a queda chega a 4,8%. É o quarto ano seguido de movimento negativo, com faturamento de R$ 5,1 bilhões.

Mesmo assim, como mostrou a reportagem de Mauricio Meireles na Ilustrada, o setor espera reverter o cenário neste ano. “O que temos visto agora em 2018 é que os dados vão melhorar. Tivemos um primeiro trimestre bastante favorável”, afirmou Marcos Pereira, presidente do Snel e diretor da Sextante.

Curiosamente, como o cenário geral é ruim, a participação da literatura infantojuvenil frente ao mercado obteve uma leve melhorada. Os livros para crianças representaram no ano 4,07% do total de publicações. Os juvenis chegaram a 2,46%. Em 2016, esses números eram de 3,89% e de 2,39%, respectivamente.

Toda essa numeralha pode ser resumida em uma frase: o mar não está para peixe para as editoras que se dedicam a publicar literatura infantojuvenil. Sobretudo porque esses títulos ainda têm vendas muito dependentes do governo –o que anda cada vez mais raro. Juntos, programas de compras governamentais apresentaram, em 2017, queda nominal de 13% em faturamento e de 15% em exemplares comprados.

 


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Feira de Bolonha, principal evento de literatura infantil do mundo, aposta em tecnologia https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/03/31/feira-de-bolonha-principal-evento-de-literatura-infantojuvenil-do-mundo-aposta-em-tecnologia/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/03/31/feira-de-bolonha-principal-evento-de-literatura-infantojuvenil-do-mundo-aposta-em-tecnologia/#respond Fri, 31 Mar 2017 13:08:48 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/bologna-180x121.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1329 A Feira do Livro Infantil de Bolonha, principal evento de literatura para crianças do mundo, abre as portas de sua 54ª edição na segunda-feira (3). E aproxima-se cada vez mais do universo tecnológico e das discussões sobre o digital no mundo do livro.

Embora o tema tenha sido mais proeminente em 2016, a feira anual traz neste ano à cidade italiana dois parceiros de peso do mundo tecnológico: a fabricante de computadores Lenovo, que apresentará seu novo tablet, e o Google, que fará uma série de apresentações sobre o uso de recursos como a realidade aumentada na hora de contar histórias –sobretudo as infantis.

“Alguns dos produtos digitais mais inovadores aparecem no mercado infantil –e eles muitas vezes podem ser utilizados no mercado de livros. Como a educação está realmente mudando com essas tecnologias, que são parte do futuro das crianças, nós devemos explorá-las. Sobretudo o seu aspecto criativo”, diz Elena Pasoli, diretora da feira.

O evento conta neste ano com 1.300 exibidores de 75 países –10% das editoras participantes são italianas, mas há casas também da Islândia, da Costa do Marfim, do Nepal e, claro, do Brasil. Segundo a CBL (Câmara Brasileira do Livro), o país levará 15 editoras a Bolonha e espera gerar US$ 320 mil em exportações e negócios até o dia 6 de abril, último dia da programação. A expectativa é cerca de 7% maior que em 2016, quando a CBL projetava uma movimentação de US$ 300 mil. No total, 26 mil pessoas devem passar pelo local.

Além da participação, o Brasil poderá conquistar novamente o prêmio que foi recebido pela Cosac Naify em 2013. Neste ano, a Companhia das Letras está indicada ao Bologna Prize Best Children´s Publishers of the Year (título de melhor editora de livros infantis) ao lado de outras quatro editoras, do México e da Colômbia.

 

ILUSTRADORES

Fora a tecnologia, esta edição de Bolonha também se debruça ainda mais sobre o trabalho dos ilustradores. Um espaço, por exemplo, foi criado para que esses profissionais possam se encontrar e trocar experiências, questões ou angústias com colegas de diversas partes do mundo.

Isso se reflete também na escolha dos homenageados deste ano: as regiões espanholas da Catalunha e das ilhas Baleares, que têm tradição nos livros ilustrados. “O que eu posso dizer é que os visitantes ficarão encantados com a exposição dos ilustradores catalães”, diz Pasoli. A imagem que abre este texto faz parte disso e é destaque do cartaz e da identidade visual da edição deste ano.

Além da programação específica, que vai da literatura dessas regiões a traduções da língua catalã, acontecerão por toda a cidade de Bolonha exibições em centros culturais, na cinemateca e em teatros da região.

Fora isso, na segunda (3), serão conhecidos também na feira os indicados ao prêmio Hans Christian Andersen de 2018, considerado o “Nobel” da literatura infantojuvenil. A ilustradora Ciça Fittipaldi e a escritora Marina Colasanti são as profissionais escolhidas pelo Brasil para concorrer e podem figurar nessa lista –para quem estiver por Bolonha, minha dica é esperar o anúncio com bons livros e um gelato italiano nas mãos.

 

Feira do Livro Infantil de Bolonha

Quando de 3 a 6 de abril

Quanto a partir de € 35 (R$ 118) por dia  

Mais bookfair.bolognafiere.it

 


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Editoras apostam em clubes de leitura e até em vaquinhas após o fim das compras do governo https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/01/23/editoras-apostam-em-clubes-de-leitura-e-ate-em-vaquinhas-apos-o-fim-das-compras-do-governo/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/01/23/editoras-apostam-em-clubes-de-leitura-e-ate-em-vaquinhas-apos-o-fim-das-compras-do-governo/#respond Mon, 23 Jan 2017 05:00:14 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/JUJUBA-1-180x120.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1061 Era uma vez um grupo de empresas e uma galinha dos ovos de ouro que permitia a todas ganhar muito dinheiro. Mas um belo dia a ave mágica desaparece, e muitos dos que viviam à suas custas começam a passar fome e a ter de se virar para sobreviver.

Se a história das editoras brasileiras especializadas em obras para crianças fosse um conto de fadas, ele seria mais ou menos desse jeito. Só que, no lugar da galinha dourada, estariam o governo brasileiro e as suas generosas compras de livros. As aquisições podiam chegar a milhares de exemplares de cada título e render milhões de reais todos os anos às empresas.

Podiam. Isso porque, principalmente a partir de 2015, as compras governamentais para abastecer bibliotecas e escolas minguaram nas esferas federal, estadual e municipal —até quase desaparecerem com a crise econômica em que o país mergulhou.

“Foi um desmonte no nosso mercado”, diz Daniela Padilha, editora da Jujuba, que desde 2010 lançou 36 livros (na imagem acima, ela aparece em foto na sede da empresa, em São Paulo).

Para se ter uma ideia do tombo, de acordo com dados da CBL (Câmara Brasileira do Livro) e do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), 2014 produziu 37,3 milhões de exemplares de literatura infantil; em 2015, esse número caiu para 12,5 milhões.

“Mas há uma parte boa. As editoras agora precisam diversificar as suas atuações para fechar as contas e continuar publicando”, afirma Padilha. A Jujuba espera lançar cinco títulos em 2017.

As companhias que não fecharam as portas começaram a apostar ainda mais na adoção de seus livros por escolas e clubes de leitura, em cursos pagos com autores da casa e até em vaquinhas na internet.

Tudo para continuar vivo num mercado com faturamento de R$ 1,56 bilhão em 2016 —sendo que 23% correspondem a obras infantojuvenis ou educacionais, segundo a pesquisa “Painel das Vendas de Livros no Brasil”, do instituto Nielsen e do Snel, divulgada neste mês.

 

LUZ NO FIM DO TÚNEL

Para Bruno Mendes, diretor comercial da consultoria #coisadelivreiro, ainda é possível ganhar dinheiro com livros no Brasil. “Mas é preciso operar no modelo mais enxuto possível”, ressalta.

As recomendações passam por vender pela internet e criar e-books, “que têm mais apelo com as crianças”, diz Mendes (leia outras dicas abaixo).

Não à toa as editoras menores trabalham com um número mínimo de funcionários. A Jujuba tem três pessoas fixas e os setores de divulgação e o financeiro terceirizados. A Carochinha, aberta em 2013, tem apenas dois editores e dois estagiários.

A casa, que nasceu na época em que o mercado já começava a descer a ladeira, projeta um catálogo de 40 títulos até o fim de 2017. A estratégia é apostar em histórias de personagens famosos (como os do canal do YouTube Mundo Bita), livros para bebês (que têm demanda crescente) e feiras internacionais.

“Hoje conseguimos vender lá fora. Contratamos até uma distribuidora em Miami para atender imigrantes”, conta Naiara Raggiotti, 39, editora da Carochinha com Diego Salerno Rodrigues, 35.

No ano passado, os dois apostaram em um financiamento coletivo na internet para publicar “Resgate Animal” e arrecadaram pouco mais de R$ 10 mil. “Íamos lançar de qualquer jeito. Mas o ‘crowdfunding’ pagou uma parte dos custos”, diz Salerno.

Outras editoras também veem com bons olhos modelos alternativos, como os de coedição, em que empresas dividem os custos e os lucros. “É preciso se reinventar, como todos os setores em crise”, afirma Luís Antonio Torelli, presidente da CBL.

Mas a entidade tem esperança de que as compras do governo voltem. “O MEC está redefinindo as seleções. A situação é mais caótica nos municípios, que mal têm dinheiro para os uniformes, imagina para livros”, diz Torelli.

Segundo o ministério, alguns programas já foram retomados e R$ 102 milhões foram destinados para aquisições de obras literárias do Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa).

CAROCHINHA (1)
Diego Salerno e Naiara Raggiotti, da editora Carochinha (foto: Zanone Fraissat/Folhapress)

 

*

 

LIVROS NO AZUL
Estratégias para ter uma editora saudável

Internet
Livrarias costumam pagar fornecedores só depois de venderem os livros. Então, priorize vendas pela internet, no próprio site ou em lojas “ponto com”, que compram os títulos. Aposte também em e-books, que economizam com impressão e distribuição

Curadoria
Pais geralmente dependem de uma curadoria para comprar livros. Crie um clube de leitura ou se associe a um já existente, se o catálogo for pequeno. As vendas podem chegar a milhares de exemplares

Escolas
Pense duas vezes antes de gastar dinheiro com divulgação escolar. Ela ajuda, mas gera compras pontuais que não se sustentam no longo prazo, já que no ano seguinte a escola pode não renovar a parceria e escolher histórias de outra editora

Caixa grande
A consignação das livrarias e os dilatados prazos de pagamento tornam difícil saber quanto se vai ganhar no fim do mês. Por isso, o ideal é ter um capital inicial de pelo menos R$ 150 mil (editoras pequenas) ou de R$ 500 mil (médias)

Fonte: Bruno Mendes, do #coisadelivreiro

 


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‘É a pior crise que já vi’, diz Eva Furnari, que lança livro inédito para crianças https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/08/25/e-a-pior-crise-que-ja-vi-diz-eva-furnari-que-lanca-novo-livro-para-criancas/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/08/25/e-a-pior-crise-que-ja-vi-diz-eva-furnari-que-lanca-novo-livro-para-criancas/#respond Thu, 25 Aug 2016 09:00:33 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/FotorCreated2-180x93.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=369 Para as editoras, livrarias e organizações ligadas ao mercado livreiro, vivemos hoje uma das piores crises para o setor. A instabilidade econômica somada ao congelamento das compras do governo fizeram com que as vendas despencassem, principalmente as de obras infantojuvenis.

Para a escritora e ilustradora Eva Furnari, na verdade, essa é a pior crise já vista. “Não me lembro de tempos tão complexos quanto estes. As vendas para o governo sempre balanceavam as contas quando a economia não ia bem”, diz.

A autora volta a lançar um livro para crianças após três anos de hiato –mas não de pausa. “Passei esse tempo revisitando mais de 40 livros meus para relançá-los.”

A nova história, chamada “Drufs” (ed. Moderna), fala sobre diferentes famílias. Diferentes mesmo. A mãe da família Balum adora festas. A Suflê tem dois pais. Já o pai da família Zum morreu, e o da Tabelo Blu mora bem longe, lá em Shampulândia. A obra vai ser lançada na Bienal do Livro, que começa nesta sexta-feira (26), em São Paulo.

A escritora falou com exclusividade para o blog.

 

*

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NOME Eva Furnari / IDADE 67 / LIVROS RECOMENDADOS ‘Bruxinha Zuzu’, ‘Cocô de Passarinho’, ‘Listas Fabulosas’ e ‘Felpo Filva’ (ed. Moderna)

 

Folha – Ainda dá um frio na barriga na hora de lançar um novo livro?

Eva Furnari – Só se tiver de fazer discurso ou dar muitos autógrafos. [risos]

 

Como foi esse período sem criar novas histórias?

Passei três anos reformulando a minha obra. São mais de 40 livros, todos agora com a editora Moderna. Por um lado, foi muito trabalhoso, mexi em vários textos, tirei histórias do catálogo –algumas achei que não valiam a pena, outras eu detestava. Mas foi também uma alegria. Percebi que hoje sou muito mais capaz de criar uma história consistente do que no passado.

 

Parte das histórias estavam datadas?

Algumas coisas que eram engraçadas antes não fazem mais sentido hoje. A busca do escritor é sempre pelo universal. Por algo que daqui a 20 anos ainda faça sentido e tenha graça.

 

A sua volta, com “Drufs”, teve um projeto completamente diferente. Em vez de ilustrações, são fotos.

A ideia surgiu há bastante tempo, quando ia almoçar com meus filhos. Eu brincava de pegar a tampa do saleiro, por exemplo, e colocar na ponta do dedo, como se fosse um chapéu. Desenhava rostinhos até minha mão virar um conjunto de personagens. Então resolvi levar essa diversão ao livro.

Passei um ano pesquisando materiais. No começo, a ideia era fazer algo bem simples, que a criança pudesse reproduzir em casa. Mas fui sofisticando.

 

Mesmo assim, muitos dos personagens podem ser feitos em casa. É só pegar uma bexiga ou tampa de cola.

Sim. E várias outras ideias não entraram no livro. Fiz três vezes mais personagens. Tinha uma família de legumes, por exemplo.

 

Não ficou com saudade da ilustração clássica, com papel e lápis de cor?

É muito mais fácil desenhar que montar personagens nos dedos: eles derretem, desmotam, borram. Às vezes a ideia é boa, mas não acontece aquela magia depois de pronto. O desenho é mais controlável.

 

Os dedos do livro são seus?

Sim! Todos fotografados na minha casa. O fotógrafo levou dois meses para terminar o trabalho.

 

A história mostra diferentes famílias. Algumas com pai e mãe, outras com pais separados, dois pais, mãe sozinha. É uma forma de mostrar a realidade? Ou de quebrar certos preconceitos na criança?

Um pouco de cada. Não são apenas diferentes composições familiares, mas famílias com problemas ou que não param de brigar. Procurei colocar todo o discurso na boca dos personagens, que são crianças. Foi uma forma de ficar menos acadêmico e de abordar questões complexas de um mundo cada vez mais complexo de forma mais simples.

As diferenças existem, e é natural estranhar. Só que é preciso aprender a respeitá-las e a não julgar. Na verdade, parece um livro simples, mas foi supercomplexo de fazer. Acho que escrevi 50 vezes mais material do que entrou.

 

Costuma acompanhar a produção atual de livros infantojuvenis?

Quando dá tempo. Muita coisa é lançada, e sempre estou produzindo algo novo.

 

Muita coisa é lançada, mas as vendas estão em queda. Houve outra crise como a que estamos vivendo?

É a pior que já vi. Não me lembro de tempos tão complexos quanto estes. As vendas para o governo sempre balanceavam as contas quando a economia não ia bem.

Mas acho que vai ser passageiro. O governo precisa primeiro olhar para a economia como um todo e, com os problemas resolvidos, se debruçar sobre a educação. É importante voltar a comprar livros. Não somente para o mercado, mas principalmente para as escolas. Sou uma pessoa otimista.

 

Qual o papel da escola e da educação na hora de criar uma nova história?

A literatura é fundamental na escola de hoje, que é menos autoritária, para falar das questões humanas. Mas, na hora de criar, não penso em nada. Nem mesmo na criança. Preciso me divertir, senão não funciona.

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“Drufs”

Autora Eva Furnari

Editora Moderna

Preço R$ 40 (2016; 32 págs.)

Leitor iniciante + leitura compartilhada

Lançamento na Bienal do Livro, que começa na sexta (26). A autora autografará a obra no domingo (4/9), às 15h30

 


 

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Bienal aposta em saldão e em multidões para driblar a crise https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/07/26/bienal-aposta-em-saldao-e-em-multidoes-para-driblar-a-crise/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2016/07/26/bienal-aposta-em-saldao-e-em-multidoes-para-driblar-a-crise/#respond Tue, 26 Jul 2016 07:00:44 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/Garotinha-alcanca-livro-em-pratileira-na-22-Bienal-Internacional-do-Livro-em-Sao-Paulo-no-pavilhao-do-Anhembi-no-primeiro-final-de-semana-aberto-ao-publico-Foto-Eduardo-K-2-180x125.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=206 A crise e a queda na venda de livros no Brasil acenderam o sinal amarelo para a Bienal do Livro de São Paulo. O evento deve apostar neste ano em promoções e descontos, além de em táticas para tentar atrair um número ainda maior de visitantes –e assim buscar ao menos manter o número de vendas da última edição.

“As editoras estão preparadas. Muitas estão esperando que a Bienal seja um fôlego para o caixa da empresa”, diz Luís Antonio Torelli, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), entidade que organiza a Bienal. A 24ª edição ocorrerá em São Paulo de 26 de agosto a 4 de setembro.

Em 2015, as editoras viram as vendas de livros terem a pior queda desde 2002, segundo a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”. O levantamento, encomendado pela CBL e pelo Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), apontou que o mercado livreiro encolheu 12,6% no ano passado.

O destaque negativo foi justamente o livro infantojuvenil. No total, foram produzidos 33,5 milhões de exemplares a menos nesse segmento, se comparado a 2014 –a principal justificativa é o governo federal não ter aberto o edital do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), ou seja, das compras governamentais de obras para crianças e adolescentes que são um dos principais pilares do modelo de negócio de editoras que apostavam nesse tipo de livro.

O ano de 2016 não dá sinais de melhora. A última pesquisa, divulgada há menos de dez dias, mostrou que nos primeiros seis meses deste ano, as vendas de livros caíram 16,3% em volume e 6,94% em faturamento, em comparação com o mesmo período de 2015.

 

É nesse turbilhão que a Bienal de São Paulo vai acontecer. Além dos descontos, que devem ser oferecidos pelas editoras a fim de aumentar o volume das vendas, a organização do evento está tomando iniciativas para conseguir reunir um número ainda maior de pessoas, na esperança de que isso se reflita no faturamento.

Para isso, a Bienal deste ano terá mais espaços para autógrafos de escritores-celebridades, corredores mais largos, mais banheiros e vendas de ingresso pela internet.

Na programação, há nomes de youtubers como Kéfera, Lucas Rangel, Maju Trindade e Pedro Rezende, do canal RezendeEvil, que devem atrair grande público. Todos lançaram livros e são os queridinhos atuais das editoras, que enxergam neles a possibilidade de um sucesso editorial que se assemelhe ao dos livros de colorir de 2015.

“Temos que dosar na programação a Kéfera e o autor que ganhou o Jabuti. A Bienal precisa atrair todos os públicos e gerar novos leitores”, diz Torelli.

Com mais gente, aumenta a preocupação para evitar casos de assaltos, como os da quadrilha suspeita de roubar 45 celulares na Bienal de 2014. Para coibir furtos, o evento contará com uma base móvel da Guarda Civil Metropolitana.

Mais informações serão divulgadas nesta terça (26) para a imprensa.


 

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