Era Outra Vez https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br Literatura infantojuvenil e outras histórias Wed, 28 Aug 2019 18:58:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Paula Fábrio lança infantil inédito e nova edição de seus dois romances https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2019/05/17/paula-fabrio-lanca-infantil-inedito-e-nova-edicao-de-seus-dois-romances/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2019/05/17/paula-fabrio-lanca-infantil-inedito-e-nova-edicao-de-seus-dois-romances/#respond Fri, 17 May 2019 17:44:00 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/abre-320x213.jpg https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2852 No início há o deslocamento. E uma sensação de quase aprisionamento, como se o mundo de verdade não fosse este, mas estivesse sempre do lado de lá –pra lá da rua, da fresta onde surge o mar, longe dos corredores com muros altos.

É desse sentimento de estranheza, como se os corpos dos personagens não coubessem nas roupas, que nasce o novo livro da escritora Paula Fábrio. “No Corredor dos Cobogós”, que será lançado neste sábado (18) pela editora SM, não é apenas a primeira obra inédita da autora desde “Um Dia Toparei Comigo” (2015). A história é a entrada dela na literatura infantojuvenil.

Escrito após uma oficina literária que a escritora fez com pré-adolescentes, o romance é indicado justamente para essa faixa etária –aquela em que meninos não são mais crianças, mas ainda estão longe de serem adultos, período para o qual as editoras costumam ter certa dificuldade de lançar obras e encontrar autores dispostos a escrever.

Na trama, Haidê vive em Santos, em um desses prédios que só ficam ocupados nas férias e que se alternam entre o vazio completo e a invasão de veranistas e famílias que descem a serra para passar uns dias à beira-mar. Presa em uma quitinete com a mãe, a garota se vê impossibilitada de explorar a cidade sozinha.

Contada em dois tempos, a narrativa é intercalada com Benjamin, um garoto que décadas depois vai morar com a avó no mesmo apartamento onde Haidê vivia e no qual ele acaba achando o diário escondido da menina.

Esses escritos têm início em um dos breves períodos de liberdade, quando Haidê dá um boné na mãe e consegue flanar desacompanhada pelas ruas santistas. Em uma cena que mistura perda de direção e o atropelamento de um cachorro, ela acaba conhecendo Michel, artista plástico mais velho que se torna seu amigo.

Personagem central na história, Michel foi inspirado em uma pessoa real: o crítico literário Alfredo Monte, que morreu no fim do ano passado após três anos com ELA (esclerose lateral amiotrófica), doença degenerativa que leva à paralisia. “A amizade da Haidê com ele foi um jeito que encontrei para eu mesma tentar ser amiga do Alfredo”, conta Paula.

É quando Michel começa a perder os movimentos que Haidê passa a escrever seu diário e a cambalear rumo à vida adulta e independente. E é esse caderno recheado de pensamentos e confissões que acaba servindo de guia anos depois para Benjamin decidir se vai morar com o pai ou com a mãe, que estão se separando.

Feito para ser lido em uma tacada só, “No Corredor dos Cobogós” parte de dois personagens deslocados e em busca de seu lugar para falar diretamente, sem intermediários, com um leitor que invariavelmente passa pelos mesmos dilemas e se sente da mesma forma.

 

“No Corredor dos Cobogós”

Autora Paula Fábrio

Editora SM

Preço R$ 41 (2019, 132 págs.)

Leitor fluente

Lançamento neste sábado (18), a partir das 15h, na livraria Martins Fontes (av. Paulista, 509, São Paulo)

 

*

 

RELANÇAMENTOS

Além de “No Corredor dos Cobogós”, Paula relança também seus dois romances adultos: “Desnorteio”, que havia sido publicado pela editora Patuá e venceu o Prêmio São Paulo de Literatura em 2013, e “Um Dia Toparei Comigo”, lançado pela Foz.

Os títulos ganham nova edição e novas capas por um selo próprio da autora, o Oficina Paula Fábrio, e recolocam em circulação as duas histórias, difíceis de serem encontradas atualmente nas livrarias. Cada um será vendido por R$ 45.


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5 livros para conhecer João Carlos Marinho, que morreu aos 83 anos https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/5-livros-para-conhecer-joao-carlos-marinho-que-morreu-aos-83-anos/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/5-livros-para-conhecer-joao-carlos-marinho-que-morreu-aos-83-anos/#respond Mon, 18 Mar 2019 22:04:37 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/JCM_01-320x213.jpg https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2798 Na noite deste domingo (17), a literatura infantojuvenil perdeu um de seus principais representantes.

Aos 83 anos, João Carlos Marinho, autor de “O Gênio do Crime”, morreu no hospital Sancta Maggiore da Mooca, na zona leste de São Paulo.  Ele estava internado para tratar de uma infecção.

“Ele era fabuloso. Trouxe algo completamente novo para a literatura infantojuvenil brasileira. ‘O Gênio do Crime’ tem um humor fresco, piadas que chegam ao nível de Mark Twain”, diz Pedro Bandeira.

Publicado em 1969, “O Gênio do Crime” fez 50 anos em fevereiro deste ano e inaugurou a as aventuras da Turma do Gordo, grupo de personagens adolescentes que protagonizaram 13 histórias.

Conheça abaixo cinco livros para mergulhar na obra do escritor e conhecer melhor a Turma do Gordo. Todos são publicados pela editora Global e custam R$ 45.

 

O GÊNIO DO CRIME (1969)

Foi com essa aventura que o autor se lançou no universo da literatura infantojuvenil e criou a Turma do Gordo. No livro, Edmundo, Pituca e Bolachão (o Gordo) —e, depois, Berenice— ajudam o dono de uma fábrica de figurinhas a descobrir quem é o criminoso por trás da falsificação de cromos raros, o que coloca o negócio do empresário e o hobbie dos personagens em risco. Com 60 edições e 14 reimpressões, o título vendeu cerca de 1,2 milhão de exemplares, segundo os cálculos de Marinho.

 

O CANECO DE PRATA (1971)

Corintiano e apaixonado por futebol, João Carlos Marinho levou o esporte para o centro da narrativa nesse livro —um dos primeiros a fazer isso na literatura infantojuvenil brasileira. Na história, Gordo e sua turma resolvem participar de um campeonato. Com o avanço das páginas, a obsessão pelo futebol vai em uma crescente que envolve manicômios, marcianos e um professor que ensina a quebrar a perna do adversário e que joga bombas na concentração dos oponentes.

 

SANGUE FRESCO (1982)

A aventura é uma das mais premiadas do escritor —e uma das mais ousadas. Nela, um criminoso sequestra crianças e as leva para um campo de concentração na Amazônia. “Uma amiga me trouxe o livro horrorizada, mas achei a história genial. Tem uma cobra que quer devorar crianças, algo muito ousado para a época. Eu já publicava alguns contos, mas imediatamente comecei a lançar meus livros também”, lembra Pedro Bandeira, criador de outra turma: a dos Karas. O livro foi vencedor do Jabuti.

 

BERENICE DETETIVE (1987)

O título leva o nome da namorada do Gordo, que aparece pela primeira vez já em “O Gênio do Crime”. O autor conta que, nesse livro, realizou um antigo desejo: criar uma história policial clássica, cheia de descrições e passagens realistas. A trama gira ao redor de uma escritora que é assassinada ao comer uma maçã envenenada que foi entregue por um dos alunos da escola. O problema é que muitas pessoas deram uma fruta para a vítima naquele mesmo dia, o que amplia a rede de suspeitos.

 

O FANTASMA DA ALAMEDA SANTOS (2015)

É o último livro da Turma do Gordo. Dessa vez, Gordo se muda para um casarão na rua paulistana e descobre que uma antiga moradora morreu ali misteriosamente. “Depois disso, ele decidiu que não ia mais escrever sobre a Turma do Gordo, então nosso contato diminuiu”, relembra Mauricio Negro, que ilustrou títulos do escritor para a editora Global. “O Fantasma da Alameda Santos” inova ao inserir smartphones e tecnologias na trama.

‘O Gênio do Crime’ autografado por João Carlos Marinho para um de seus filhos (Divulgação)

 


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Minibiografias despertam adolescentes para o feminismo https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/01/30/minibiografias-despertam-adolescentes-para-o-feminismo/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/01/30/minibiografias-despertam-adolescentes-para-o-feminismo/#respond Tue, 30 Jan 2018 13:15:37 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/m_abre-180x90.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2144 Do Carnaval às redes sociais. Da música sertaneja à política. Das manifestações de rua ao mercado de trabalho. O feminismo está em todo os cantos –e não seria diferente nos livros.

Há pelo menos dois anos, e com mais força desde o ano passado, o mercado editorial brasileiro encontrou nas ideias feministas uma possibilidade de criar novos sucessos de vendas e vem lançando uma série de obras que abordam de forma direta ou paralela questões ligadas ao gênero. Nomes como Chimamanda Ngozi Adichie, Rupi Kaur e até Elena Ferrante ganham destaque nas livrarias. Mesmo velhas conhecidas, como Simone de Beauvoir, foram redescobertas.

Como costuma acontecer com qualquer fenômeno literário, o movimento respinga na produção de títulos para crianças e adolescentes. A consequência mais clara é o crescimento no número de livros que apresentam breves perfis e minibiografias de mulheres importantes da história –sempre acompanhados de ilustrações, vocabulário e abordagem para o público adolescente.

Um dos mais recentes é “Extraordinárias”, de Aryane Cararo e Duda Porto de Souza, lançado pela Seguinte, selo jovem da Companhia das Letras, no fim do ano passado.

Composto por 44 perfis de mulheres que, de alguma forma, mudaram a história do Brasil, o livro aborda de personalidades mais conhecidas –como Anita Garibaldi, Pagu e Carmen Miranda, por exemplo– a outras que são verdadeiras descobertas. Caso de Madalena Caramuru, que teria sido a primeira brasileira alfabetizada, no século 16. Ou de Graziela Maciel Barroso, botânica que catalogou diversas plantas do país.

Cada personagem surge desenhado por uma ilustradora diferente, formando um mosaico de traços, cores e propostas (três desses desenhos abrem este post). No texto, os feitos dessas mulheres são reconstruídos de modo que parecem produzidos sob medida para despertar o feminismo em leitores (sobretudo, leitoras) jovens, ao pintarem em letras garrafais nas páginas a mesma palavra: empoderamento.

A fórmula, porém, não é inédita. A V&R lançou no Brasil, também no ano passado, “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”. Escrito pelas italianas Elena Favilli e Francesca Cavallo, o livro reúne cem minibiografias de mulheres que se rebelaram de alguma forma e transformaram o planeta. Assim como em “Extraordinárias”, cada texto vem acompanhado por uma ilustração –no total, mais de 60 mulheres emprestam seus traços a biografias que vão de Malala a Nina Simone, da brasileira Cora Coralina à Cleópatra.

A obra logo se tornou um fenômeno mundial, foi traduzida para mais de 20 idiomas e figurou na lista de mais vendidos de diferentes países. Tanto que as autoras já lançaram um segundo volume, ainda inédito no Brasil, com outros cem perfis.

O livro gerou “filhotes”. Lançado também no ano passado, “50 Brasileiras Incríveis Para Conhecer Antes de Crescer” (ed. Galera) tem proposta autoexplicativa e parecida à dos anteriores . Os textos abordam nomes como Maria Quitéria –baiana que se vestiu de homem para lutar no Exército– e Ada Rogato –a primeira a tirar licença de paraquedista. As ilustrações também foram feitas por diferentes nomes.

Já “As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo”, escrito e ilustrado pela americana Rachel Ignotofsky, faz um recorte mais específico e apresenta em suas páginas apenas físicas, matemáticas, médicas, astronautas e outras personagens vinculadas ao mundo da ciência.

A aparente limitação temática pode parecer, no primeiro momento, um ponto negativo –mas é responsável por grandes surpresas. Afinal, nomes mais conhecidos do público como Marie Curie e Katherine Johnson (uma das cientistas do filme “Estrelas Além do Tempo”) logo se esgotam. E, então, sobra espaço para outras personalidades ganharem o devido holofote.

E não é esse o objetivo desses livros?

 

*

 

 

LIVROS CITADOS

 

“Extraordinárias – Mulheres que Revolucionaram o Brasil”

Autoras Aryane Cararo e Duda Porto de Souza

Editora Seguinte

Preço R$ 59,90 (2017; 208 págs.)

Leitor avançado + leitura compartilhada

 

“Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”

Autoras Elena Favilli e Francesca Cavallo

Tradutores Carla Bitelli, Flávia Yacubian e Zé Oliboni

Editora V&R

Preço R$ 99,90 (2017; 207 págs.)

Leitor intermediário + leitura compartilhada

 

“50 Brasileiras Incríveis Para Conhecer Antes de Crescer”

Autora Débora Thomé

Editora Galera

Preço R$ 79,90 (2017; 120 págs.)

Leitor intermediário + leitura compartilhada

 

“As Cientistas – 50 Mulheres que Mudaram o Mundo”

Autora e ilustradora Rachel Ignotofsky

Tradutora Sônia Augusto

Editora Blucher

Preço R$ 49,90 (2017; 128 págs.)

Leitor intermediário + leitura compartilhada

 


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‘Macunaíma’ completa 90 anos com edições em quadrinhos e ilustradas https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/macunaima-completa-90-anos-com-edicoes-em-quadrinhos-e-ilustradas/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/macunaima-completa-90-anos-com-edicoes-em-quadrinhos-e-ilustradas/#respond Tue, 16 Jan 2018 12:38:44 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/macunaima_abre-180x85.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=2098 Ai, que preguiça!

O blog inicia as atividades do ano recheado de preguiça –não de escrever ou de comentar livros para crianças e adolescentes, mas com um personagem que gosta mesmo é de sombra e água fresca: Macunaíma.

Autor de frases inesquecíveis como a que abre este texto, o “herói sem nenhum caráter” dá título a um romance homônimo de Mário de Andrade (1893-1945) que completa 90 anos em 2018. Lançado em 1928, “Macunaíma” foi escrito em apenas seis dias e é um dos maiores exemplos do Modernismo brasileiro e do Movimento Antropofágico, manifesto criado por Oswald de Andrade (1890-1954) e que congregou artistas como o próprio Mário, além de Tarsila do Amaral, Raul Bopp e outros.

Após publicado, o livro inspirou peças, filme e músicas. Como em 2016 toda a obra de Mário de Andrade entrou em domínio público, isso fez com que ela fosse revisitada por editoras e novas edições surgissem no mercado. Foi o caso de “Amar Verbo Intransitivo”, que virou história em quadrinhos. E também de “Macunaíma”.

O texto ganhou versões ilustradas e em HQ, mais voltadas a um público jovem. Três delas, portas de entrada para o rico universo do autor, estão abaixo. Só não vale ter preguiça de ler ou medo das saúvas.

 

*

 

QUADRINHOS

As formas arredondadas e as cores fortes dão um ar de HQ clássica para o livro –Macunaíma às vezes tem um quê de Popeye ou então parece saído das aventuras de Asterix e Obelix. Mas a mistura de povos indígenas, araras, lendas do interior do Brasil e uma São Paulo de nariz empinado não deixa o leitor esquecer: Macunaíma é brasileiro até demais.

A combinação, aliás, funciona como mais um ingrediente para os ideais antropofágicos que transbordam do livro e que guiaram parcela da arte nacional nos anos 1920. Se, segundo o manifesto de Oswald de Andrade, “só a antropofagia nos une” e o objetivo é assimilar e deglutir a cultura estrangeira para poder criar uma produção nacional a partir disso, nada melhor que um estilo clássico e internacional para contar a história do herói malandro e sem nenhum caráter.

Roteiro e ilustrações foram feitos por Rodrigo Rosa, que tem se dedicado à adaptação de clássicos para a linguagem da HQ. O autor já quadrinizou obras como “O Cortiço”, “Memórias de um Sargento de Milícias”, “Dom Casmurro” e “Grande Sertão: Veredas”.

 

“Macunaíma” 

Autor Mário de Andrade

Adaptação e ilustrações Rodrigo Rosa

Editora Ática

Preço R$ 48 (2017, 88 págs.)

Leitor intermediário

 

*

 

 

MAIS QUADRINHOS

Angelo Abu e Dan X já preparavam a adaptação de “Macunaíma” para quadrinhos alguns anos antes de a obra entrar em domínio público. Tanto que a previsão de lançamento era 2015, um ano antes de o livro ser realmente liberado –mas, por causa de negociações travadas com a família do escritor, que ainda detinha os direitos de publicação, a HQ precisou aguardar o domínio público para chegar às livrarias, o que aconteceu apenas em 2016.

Comparando-a com a a versão quadrinizada de Rodrigo Rosa, esta apresenta traços mais sujos, com cores e técnicas que se aproximam de HQs contemporâneas e personagens que lembram criaturas do folclore. As formas mais humanizadas dão lugar a mandíbulas cheias de dentes pontiagudos, a um Macunaíma de olhos esbugalhados e a corpos de cores fortes que se fundem. Com isso, o lado fantástico da história salta aos olhos.

O livro faz parte da coleção “Clássicos em HQ”, da editora Peirópolis, que já adaptou obras como “Dom Quixote”, “Os Lusíadas” e “Odisseia”.

 

“Macunaíma em Quadrinhos” 

Autor Mário de Andrade

Adaptação e ilustrações Angelo Abu e Dan X

Editora Peirópolis

Preço R$ 39 (2016, 80 págs.)

Leitor intermediário

 

*

 

VERSÃO COMENTADA

Poucos livros têm a capacidade de entreter verdadeiramente um público mais jovem e, ao mesmo tempo, prender a atenção de adultos. A edição de “Macunaíma” lançada pela editora FTD consegue fazer isso.

Com texto integral, a obra traz notas de rodapé que dão um contexto da história e jogam luz sobre palavras como xetrar (fracassar), enfaro (falta de apetite), carapanã (pernilongo) ou relambório (sem graça). Além disso, no final há 520 notas que ampliam o entendimento do livro, aprofundando temas como a oralidade da narrativa, os relatos que inspiraram Mário de Andrade e os bastidores da escrita. Todas foram preparadas pela escritora Noemi Jaffe, que também assina o posfácio.

Fora isso, a história é entrecortada por ilustrações em página dupla feitas por Mariana Zanetti. Lembrando desenhos à canetinha, elas dão cor viva à aventura (uma delas abre este texto).

 

“Macunaíma”

Autor Mário de Andrade

Organizadora Noemi Jaffe

Ilustradora Mariana Zanetti

Editora FTD

Preço R$ 53 (2016, 248 págs.)

Leitor avançado

 


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Literatura é um ‘cavalo de Troia’ dentro da escola, diz Ricardo Azevedo; leia entrevista https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/12/07/literatura-e-um-cavalo-de-troia-dentro-da-escola-diz-ricardo-azevedo-leia-entrevista/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/12/07/literatura-e-um-cavalo-de-troia-dentro-da-escola-diz-ricardo-azevedo-leia-entrevista/#respond Thu, 07 Dec 2017 12:17:51 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/ricardoazevedo-180x90.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1982 Um cavalo de Troia, que esconde dentro de si elementos capazes de confundir e de tirar os alunos da zona de conforto.

É com essa imagem que o escritor Ricardo Azevedo fala sobre a relação entre literatura e sala de aula. “Tem que entrar na escola para bagunçar um pouco, trazer ideias que não são esperadas, mostrar conflitos e contradições humanas”, diz.

Conhecido por pesquisar sobre a cultura popular e os contos orais ao longo de mais de 30 anos, Azevedo ganhou diversos prêmios e publicou dezenas de livros para crianças (caso de “Contos de Enganar a Morte”, da editora Ática, que tem uma das ilustrações publicadas na abertura deste texto).

Agora, o autor se debruça sobre as histórias para adolescentes. Lançado pela Ática em 2013, “Fragosas Brenhas do Mataréu”, por exemplo, fala sobre um jovem de 15 anos que precisa encarar a morte da mãe no século 16. “Caderno Veloz” saiu pela Melhoramentos em 2015 e propõe um diálogo entre poesia e ilustração.

O autor e ilustrador acaba de finalizar uma nova obra sobre o período colonial brasileiro, também para um público mais velho. “Quero conversar com esses caras.”

Leia abaixo a entrevista.

 

*

NOME Ricardo Azevedo // IDADE 68 // LIVROS RECOMENDADOS “Fragosas Brenhas do Mataréu”, “O Moço que Carregou o Morto nas Costas” e “Esqueleto, Tomate e Pulga” // LIVRO FAVORITO NA INFÂNCIA coleção Tesouros da Juventude

 

Folha – Quando combinamos esta conversa, disse que gostaria de falar mais sobre seus livros juvenis do que sobre os infantis. Por quê?

Ricardo Azevedo – Os juvenis andam me interessando bastante. Quero conversar com esses caras, escrever para eles. Meus últimos trabalhos são todos para um público mais velho. Acabei há pouco tempo um texto que parte da mesma pesquisa que usei no “Fragosas Brenhas do Mataréu” [Ática, 2013] . Fiquei muito interessado no assunto e continuei lendo e estudando mais sobre o período colonial brasileiro. Algumas ideias que não tinha usado, que acabaram sobrando na preparação, entraram nesse novo livro.

 

Tem previsão de lançamento?

Ainda não. Tenho que fazer uma boa revisão, ter tempo para olhar.

 

Como conquistar o adolescente? Muita gente diz que o jovem não lê. Ou que ele só se interessa por livros de youtubers, por exemplo.

Não sei, não consigo ver as coisas por esse ângulo. Talvez eu seja um alienado total. Para começar, acho faixa etária um erro, uma besteira. Serve só para as aulas de ginástica. Do ponto de vista da leitura, falar sobre pessoas de quinze anos como se elas formassem um grupo homogêneo é quase ridículo. É uma mercantilização da vida. Dividir as coisas em “mundo jovem”, “mundo adulto”, “mundo da terceira idade” é uma maneira de criar mais produtos. No fundo, são todos seres humanos.

E escrevo pensando nisso. Claro que, provavelmente, um leitor de dez anos não vai conseguir ler o “Fragosas” ou esse novo. São maiores, têm vocabulário mais complexo, estão inseridos em um período histórico brasileiro que não é todo mundo que domina. Demanda mais experiência –experiência de vida mesmo. Mas não me preocupo com faixa etária. Não existe um assunto para jovens. Assim como não existe um tema para crianças. Meus livros menores trazem assuntos pelos quais os adultos também se interessam.

 

O mercado não costuma pensar como você.

O mercado é refém da faixa etária por causa da escola, que é a grande consumidora de livros para crianças e jovens no Brasil. Mas livro didático é uma coisa, literatura de ficção é outra. A literatura é um cavalo de Troia. Tem que entrar na escola para bagunçar um pouco, trazer ideias que não são esperadas, mostrar conflitos e contradições humanas.

 

Quais são os temas da literatura?

Existem assuntos que não vão ser discutidos em aula espontaneamente. A paixão entre duas pessoas, por exemplo, não é explicada pelo professor. Mas é um assunto que diz respeito a todos nós, da infância até os 200 anos de idade. A literatura pode abordar isso. Os conflitos também. Se alguém gosta de duas coisas ao mesmo tempo e elas são opostas, isso é literatura. E pode virar um baita assunto para a sala de aula.

 

Os pais e professores andam protegendo as crianças de temas mais complexos de uma forma exagerada?

Uma criança que sai à rua vê pessoas comendo lixo na esquina de casa. Os conflitos estão dados. O mercado não vai impedi-los de existir nem de serem vistos. A questão é: como lidar? Não podemos simplesmente jogá-los no colo de alguém com dez anos de idade. Ele está impotente. Temos que tomar cuidado de apresentar a realidade de maneira com que a criança tenha pelo menos esperança de mudar esses problemas.

 

É função do livro abordar essas temáticas?

Eu não vejo o escritor como um profissional que fica procurando qual é a demanda ou o assunto do momento. Isso parece coisa de livro didático. Ele é alguém que está desenvolvendo um trabalho. Se essa trajetória vai passar por um assunto polêmico, acho que ele deve trazê-lo à tona. Mas tem que existir uma consistência dentro da obra. Ou o autor pode virar uma espécie de redator das demandas sociais –sejam as do público mais politicamente correto ou as do politicamente incorreto. Se é para fazer isso, prefiro mudar de profissão.

 

É o caso da sua pesquisa com cultura popular.

É um trabalho que segue desde os anos 1980. Em muitos dos contos populares aparecem figuras como diabos e bruxas. Sei que algumas religiões não aceitam esse tipo de coisa. Mas eu não posso fazer nada. Respeito, mas não vou deixar de fazer o meu livro.

 

Como viu os recentes casos de ataques a obras de arte, como a mostra “Queermuseu”, em Porto Alegre, a performance “La Bête”, no MAM-SP, e a exposição sobre sexualidade, no Masp?

Existe um ponto que não está sendo discutido: o que é uma obra de arte? Arte é um trabalho que demanda uma pesquisa de longa duração, uma especulação estética e uma série de outros ingredientes. Muitas vezes, a gente fica sem critério para saber se aquilo é arte. Isso só confunde a população que não é informada sobre o assunto e que não tem costume de visitar museus.

É claro que sou contra a censura. Só faltava essa agora, a censura voltar. Mas vejo um descaso muito grande na discussão artística. As pessoas querem aparecer, tirar selfies em frente à obra. Mas não querem investigar, se aprofundar, ver se por trás daquilo que está exposto há uma pesquisa do artista. Vivemos uma época de autocertificação. Quem diz que isso é uma obra de arte? Sou eu? Aí fica complicado, porque vira qualquer coisa.

 

Voltando à cultura popular, seus livros mais recentes não têm uma ligação tão direta com ela.

Em 2015, publiquei um livro que reúne alguns contos que ainda estavam guardados. Nos outros, a ligação não é tão direta –mas ela existe. No “Fragosas Brenhas do Mataréu”, as narrativas populares estão misturadas à narrativa. Tem um conto de origem portuguesa, três vindos da cultura oral indígena.

 

O plano é seguir esse modelo?

Não tenho um plano, para falar a verdade. Há essa pesquisa dos últimos livros. E também uma investigação sobre a relação entre texto e imagem que me interessa bastante, em que o desenho é uma possibilidade do texto, mas não é a única.

 


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HQ inspirada em livro de assombrações de Gilberto Freyre dá toque brasileiro para o Dia das Bruxas https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/10/31/hq-inspirada-em-livro-de-assombracoes-de-gilberto-freyre-da-toque-brasileiro-para-o-dia-das-bruxas/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/10/31/hq-inspirada-em-livro-de-assombracoes-de-gilberto-freyre-da-toque-brasileiro-para-o-dia-das-bruxas/#respond Tue, 31 Oct 2017 12:48:10 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/abrefreyre-180x80.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1869 E se, em vez de múmias, monstros e esqueletos, as crianças se vestissem de Papa Figo ou de Boca de Ouro na hora de pedir gostosuras ou travessuras?

Essas e outras criaturas nascidas em lendas urbanas do Brasil foram catalogadas por Gilberto Freyre (1900-1987), que é mais conhecido pelo livro “Casa Grande e Senzala” –mas que também teve seus dias de “caçador de fantasmas”. Sete causos macabros e assombrações da cidade do Recife levantados pelo sociólogo são apresentados agora como histórias em quadrinhos em “Algumas Assombrações do Recife Velho”.

Papa Figo, Boca de Ouro, Lobisomem, Visconde Encantado e outras criaturas, que são ou eram lendas urbanas, funcionam como avôs da Loira do Banheiro e aterrorizavam a capital pernambucana no século 19 e no início do 20. O primeiro roubava crianças para extrair o fígado delas. Boca de Ouro  caminhava pela boemia recifense como se fosse uma versão antiga dos atuais zumbis. Dizem que o Visconde ainda sobrevoa o rio Capiberibe com seu avião fantasma.

Ilustração do Boca da Noite (Divulgação)

 

Sete histórias compiladas por Freyre foram roteirizada e ilustradas, mas há várias outras. Em 1955, ele publicou o livro “Assombrações do Recife Velho”, que inspirou a nova HQ e que reúne 39 contos sobre assombrações pernambucanas. O livro surgiu de uma pesquisa ainda mais antiga. Em 1929, quando era diretor do jornal “A Província”, o sociólogo já tinha pedido para um dos repórteres reunir histórias sobrenaturais da cidade, que resultaram em uma série de matérias publicadas.

A nova edição tem a vantagem de conseguir transportar visualmente o leitor para a atmosfera da época. As ilustrações de Téo Pinheiro transitam entre um realismo documental, sobretudo nas vestimentas e na caracterização das cidades de um Brasil que havia recentemente se tornado república, e o impacto grafico típico das histórias em quadrinhos norte-americanas. Boca de Ouro fica parecendo um vilão do Batman. O diabo que encontra o barão tem um quê de Hellboy.

Mas, por outro lado, a adaptação das histórias acabam por sacrificar o estilo literário de Gilberto Freyre e por suprimir detalhes que ajudariam a entender melhor as histórias. Não sabemos, por exemplo, como nem por que o barão é perseguido pelo diabo. Ou quais doenças os fígados roubados pelo Papa Figo podem curar. Ou mesmo como surgiu e o que faz exatamente o Boca da Noite.

As HQs são aperitivos. Ajudam a fisgar quem não teve contato com o livro original, que segue como o verdadeiro prato principal.

 

*

“Algumas Assombrações do Recife Velho” 

Autor Gilberto Freyre

Adaptação André Balaio e Roberto Beltrão

Ilustrador Téo Pinheiro

Editora Global

Preço R$ 49 (2017; 72 págs.)

Leitor intermediário

 


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Harry Potter terá livros inéditos e novas edições no Brasil; veja as capas https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/08/17/harry-potter-tera-livros-ineditos-e-novas-edicoes-no-brasil-veja-as-capas/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/08/17/harry-potter-tera-livros-ineditos-e-novas-edicoes-no-brasil-veja-as-capas/#respond Thu, 17 Aug 2017 10:57:30 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/potters-180x135.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1683 Os fãs de Harry Potter estão em contagem regressiva. Em outubro, serão publicados dois novos livros da saga que já vendeu mais de 450 milhões de exemplares em todo o mundo: “Harry Potter: A History of Magic – The Book of the Exhibition” e “Harry Potter – A Journey Through a History of Magic” (respectivamente, em tradução livre, “Harry Potter: Uma História da Magia – O Livro da Exposição” e “Harry Potter – Uma Jornada Pela História da Magia”).

Ambos não expandem a saga do bruxinho milionário, como fez a peça “Harry Potter e a Criança Amaldiçoada” no ano passado, que revelou uma trama em que Harry, Rony e Hermione aparecem já adultos. Os novos livros, anunciados em julho pela editora Bloomsbury, trazem informações técnicas do universo mágico, curiosidades sobre o currículo da escola de bruxaria de Hogwarts, detalhes de animais místicos como unicórnios e a história por trás de feitiços conhecidos.

Mas o que provavelmente mais vai chamar a atenção dos fãs são os manuscritos e rascunhos inéditos da autora, J.K. Rowling –além dos desenhos nunca vistos feitos pelo ilustrador Jim Kay, que criou as artes das versões ilustradas da história (clique aqui para saber mais sobre essas versões e ver algumas das ilustrações).

As obras serão publicadas em conjunto com um exposição da Biblioteca Britânica, em Londres, que comemora o aniversário de 20 anos da franquia –”Harry Potter e a Pedra Filosofal”, o primeiro livro do bruxo, foi lançado em 26 de junho de 1997.

A mostra, chamada “Harry Potter: A History of Magic”, abre as portas para o público em 20 de outubro e exibe materiais do acervo da autora e da editora, além de livros medievais da própria biblioteca. Alguns deles foram publicados entre o século 13 e o século 16 e detalham animais fantásticos presentes tempos depois no universo “potteriano”, como a fênix e os dragões. Os ingressos já estão sendo vendidos no site e custam de £ 5 a £ 16 (R$ 20 a R$ 65).

CAPA DURA NO BRASIL

Enquanto os dois novos livros não chegam ao país, a Rocco vai lançar no próximo sábado (19) uma nova edição dos sete volumes originais da saga, todos com capas duras e inéditas, que ganharam novas ilustrações e tratamento gráfico diferente, com paleta de cores praticamente monocromática.

Além disso, os livros foram impressos em tamanho um pouco maior do que as primeiras edições. Para ter a coleção, contudo, é bom preparar o bolso: os preços variam de R$ 39,90 a R$ 69,90, e os exemplares devem ser adquiridos separadamente, já que não serão vendidos reunidos em um box. Todos já estão em pré-venda. Veja as capas abaixo.

 

Existe, porém, um box de Harry Potter publicado no Brasil neste ano –mas com outros livros. “Biblioteca Hogwarts” custa R$ 99,50 e traz três volumes derivados do universo criado por Rowling: “Os Contos de Beedle, o Bardo”, “Quadribol Através dos Séculos” e “Animais Fantásticos e Onde Habitam”.

Todos são assinados por personagens criados pela escritora e funcionam como obras que poderiam muito bem ter saído da biblioteca de Hogwarts direto para a casa do leitor, feito um passe de mágica.

“Contos de Beedle”, por exemplo, reúne histórias mágicas e diz que foi traduzido direto das runas por Hermione –com direito a comentários de Dumbledore depois de cada fábula. “Quadribol” vem acompanhado de uma ficha da biblioteca de Hogwarts no início, onde é possível ver que personagens como Rony Weasley, Draco Malfoy e a própria Hermione já alugaram esse exemplar no passado. Já “Animais Fantásticos” se apresenta como um catálogo de criaturas sobrenaturais e inspirou o filme homônimo, de 2016.

O lucro da venda desses três títulos é revertido para instituições beneficentes britânicas que ajudam a proteger crianças e adolescentes.

 


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O que leem as adolescentes da Fundação Casa que já são mães? https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/08/04/o-que-leem-as-adolescentes-da-fundacao-casa-que-sao-maes/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/08/04/o-que-leem-as-adolescentes-da-fundacao-casa-que-sao-maes/#respond Fri, 04 Aug 2017 13:44:33 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/INAUG_BIBLIOT_CHIQ-GONZ_041116_EL-2816829_DIV-180x68.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1652 Por fora, é um prédio comum. A porta metálica divide o muro branco que tem mais de seis metros de altura com janelas de vidros escuros. Ninguém olha, porque o que acontece dentro desse prédio na Mooca é um mistério para os que passam pela rua ou estacionam o carro em frente aos sobradinhos de classe média do outro lado da calçada –típico dos muitos galpões que ainda se espalham pelo bairro da zona leste de São Paulo. Até que, ao interfone, uma voz metálica, como a unha de uma professora riscando o quadro negro, interroga: “Pois não?”

As boas-vindas vêm na forma de um detector de metais, ficha assinada com dados pessoais, apresentação do documento de identidade e o celular devidamente guardado em uma gaveta –ele deve ficar preso durante todo o tempo em que o seu dono estiver no interior da fortaleza. Mais adiante, ao atravessar corredores cheios de portinhas, onde não é possível saber se é dia ou noite, chega-se a uma antiga sala de aula, dessas de escola. É lá, atrás de portas, grades, chaves, ferrolhos, no fim de corredores tortuosos, protegidos por um muro de seis metros e por toda a burocracia que mora algo frágil: uma biblioteca.

“Eu viajo com o livro. Mas viajo mesmo, como se pudesse sair daqui. A mente parada pensa muita besteira”, diz Mariana, 18.

Já faz dois anos que a jovem de olhos castanhos sempre fixos no interlocutor e cabelos tingidos de loiro não sai à rua. Vestida com um conjunto composto por moletom e calça de mesmas cores –um tom de lilás que dá às roupas um ar de pijama–, Mariana é uma das responsáveis por organizar o acervo e registrar os empréstimos feitos na biblioteca, inaugurada em novembro do ano passado.

“Você tinha que ver o primeiro dia de empréstimos. Ficou um silêncio na quadra. Todo mundo lendo”, lembra.

Tanto a biblioteca quanto a quadra ficam dentro de uma unidade da Fundação Casa, a antiga Febem, onde vivem apenas garotas. Com capacidade para 102 adolescentes, o local conta hoje com 128 meninas, todas entre 12 e 21 anos e com algo em comum: cometeram atos infracionais graves e perderam a liberdade (pela legislação, menores de idade não cometem crimes, mas atos infracionais, e a internação pode chegar a no máximo três anos). As causas mais comuns são roubo, tráfico de drogas e homicídio. Como as infrações aconteceram quando ainda eram menores, os nomes verdadeiros delas e outros detalhes sobre as jovens foram preservados neste texto.

Mas essa unidade tem ainda uma subdivisão interna, inacessível para a maior parte dessas garotas. O prédio é como uma matrioska, aquelas bonecas russas cheias de camadas, com uma grade dentro das grades, um muro dentro dos muros. O local separado é uma casinha nos fundos, com muros pintados com personagens de desenhos animados e um tatame colorido sobre o chão da sala que sustenta brinquedos de bebês, pufes e um pequeno sofá. O restante dos 283 m² acolhem banheiros, uma sala de recreação e quartos mobiliados com camas e berços. Pelos cantos, livros infantis saídos do acervo da biblioteca à disposição.

 

A chamada “Casa das Mães”, ou tecnicamente Pami (Programa de Acompanhamento Materno-Infantil), é um espaço específico dentro da Fundação que recebe apenas adolescentes que foram internadas grávidas ou que são mães de bebês e recém-nascidos. Atualmente dez garotas vivem ali, separadas das demais a partir da 32ª semana de gestação ou na companhia de seus filhos –crianças que crescem e passam os primeiros anos de suas vidas dentro da Fundação Casa, onde brincam, são amamentadas, têm as fraldas trocadas e choram de madrugada.

O Pami surgiu em 2003 como alternativa contra a separação de filhos pequenos e mães que perderam a liberdade. Tudo no espaço parece ser exceção à regra do que se imagina de uma unidade da ex-Febem e da questão complexa que passa por discussões sobre a revisão da maioridade penal e a falta de informações e números concretos que mapeiem estatisticamente a criminalidade de adolescentes no país.

A começar pela rotina dessas adolescentes. As mães acordam às 6h para dar banho nos bebês. Depois do café da manhã, elas limpam a casa e organizam a bagunça das crianças. A programação matinal conta ainda com cursos profissionalizantes –de aulas para se tornarem cabeleireiras a fotógrafas–, idas à biblioteca e tempo livre para ficarem próximas dos filhos. Não é raro ver alguma delas sentadas sobre o tatame, lendo ou mostrando ilustrações de um livro para um bebê deitado no colo. À tarde, vão à escola, que fica dentro da própria Fundação. Na ausência das mães, funcionárias cuidam das crianças.

O dia a dia aparentemente tranquilo pode maquiar a informação de que as internas são, de fato, internas. “Tenho curiosidade de levar minha filha pela primeira vez num parque. Não sei como vai ser”, diz Luisa, 18, mãe de uma menina de dois anos. “Cheguei aqui num piscar de olhos, cinco dias depois do nascimento da minha filha. Me trouxeram sozinha, sem ela. Foi a pior fase da minha vida.” Dois meses depois, a menina foi encaminhada para a Fundação. E Luisa, para a “Casa das Mães”.

LIVROS E COPOS DE VIDRO

Mas não é só a rotina que as diferencia. A própria unidade feminina foge à regra do que é a realidade da Fundação Casa no Estado de São Paulo. A população de jovens infratores é essencialmente masculina. Dos 9.676 adolescentes atendidos hoje, nada menos do que 9.288 são garotos (96% do total). E apenas seis das 145 unidades ativas no Estado são femininas –quatro na capital e apenas uma com Pami.

As infrações também são diferentes. Na estatística geral, os casos mais frequentes são roubo qualificado (43,3%) e tráfico de drogas (38,9%) –homicídio, por exemplo, representa apenas 1% dos casos. Na “Casa da Mães”, os atos mais comuns são tráfico de drogas (36,4%) e homicídio (36,4%). Segundo os números, as mães matam mais. Mas é preciso levar em conta que elas são um grupo pequeno, o que torna complicado fazer uma comparação entre as estatísticas.

“Tive o privilégio de ver de perto o nascimento e o crescimento do meu filho. Vi quando ele começou a engatinhar, deu os primeiros passos, falou as primeiras palavras. Não sei como seria fora, não sei se teria essa oportunidade. Aqui não existe celular, internet, WhatsApp. Você dá mais valor para o contato”, diz Julia, 17, mãe de um menino de dois anos. Fã de animes e mangás quando estava fora, quando “andava com companhias erradas”, a adolescente se tornou fã da escritora Marian Keyes no Pami. “Peguei um livro dela na biblioteca e me apaixonei. Meu favorito é ‘Tem Alguém Aí?’”, conta.

A biblioteca inaugurada no ano passado foi criada em parceria com o Instituto Brasil Leitor, que doou o acervo. O grafite e os desenhos que decoram as paredes da sala reformada e adaptada, bem como os recados na lousa e o restante da decoração, também foram feitos pelas internas. São cerca de mil livros, que ficam à disposição de segunda a sexta, sempre no período da manhã. Na sexta-feira, as adolescentes podem fazer empréstimos e passar o fim de semana com um dos exemplares –foi nesse dia que Mariana viu a quadra da Fundação quieta por causa da leitura.

O espaço substituiu a antiga biblioteca da unidade, cujo acervo tinha livros técnicos e enciclopédias, mas nenhum de literatura. E, afinal, o que leem as mães e as demais internas da Fundação? Os títulos mais procurados hoje são os das sagas Crepúsculos e Harry Potter, além de best-sellers da escritora Zibia Gasparetto, gibis da Turma da Mônica e obras com temática LGBT. Tanto as garotas do Pami quanto as demais adolescentes têm acesso às prateleiras e podem “trabalhar” como bibliotecárias para ajudar na organização do espaço. As mães também têm livros para bebês, levados para a casa do Pami, onde ficam as crianças.

“Ajuda a passar o tempo mais rápido e a não sentir falta de pequenas coisas lá de fora: como ver a lua, pegar ônibus lotado”, conta Luisa. “Ou tomar água em copo de vidro”, diz Julia, rindo. Por motivos de segurança, objetos de vidro são proibidos no local.

Mas os livros não. Quem quiser doar obras para a biblioteca pode enviá-las por correio ou entregá-las pessoalmente no endereço da unidade: rua Japuruchita, 300, Mooca, São Paulo (SP).

 


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‘Adolescente está lendo cada vez mais’, diz Thalita Rebouças; leia entrevista com a autora https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/06/09/adolescente-esta-lendo-cada-vez-mais-diz-thalita-reboucas-leia-entrevista-com-a-autora/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/06/09/adolescente-esta-lendo-cada-vez-mais-diz-thalita-reboucas-leia-entrevista-com-a-autora/#respond Fri, 09 Jun 2017 13:13:24 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/FotorCreated-180x65.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1572 Os 2 milhões de exemplares vendidos no Brasil e os mais de 20 livros lançados deixaram o mundo da literatura pequeno –e fez Thalita Rebouças invadir o cinema. Já são seis filmes confirmados, todos inspirados em suas obras. “É Fada!”, baseado em “Uma Fada Veio me Visitar”, estreou com a youtuber Kéfera no papel principal. “Fala Sério, Mãe!” deve chegar às telas no início de 2018, com Ingrid Guimarães e Larissa Manoela no elenco.

Mas a autora não deixou a literatura de lado. Ela acaba de lançar  “Confissões de um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado”, criado como um desdobramento do também longo título “Confissões de uma Garota Excluída, Mal-Amada e (um pouco) Dramática”, lançado em 2016. No “spin-off”, Davi tenta deixar a timidez de lado e se aventurar pelo campo da astrologia.

“As vendas de direitos dão uma ajudinha no orçamento. Mas, muito antes de fazer filme, eu já estava vivendo de literatura. Da venda de livros mesmo”, diz Rebouças. Por isso, não tem dúvidas de afirmar: “Hoje o adolescente sente vergonha de dizer que não gosta de ler”.  “Ele está lendo cada vez”, completa.

Abaixo, ela fala sobre livros, internet e o rótulo “literatura de mulherzinha”. Confira.

 

*

NOME Thalita Rebouças // IDADE 42 // LIVROS RECOMENDADOS “Ela Disse, Ele Disse”, série “Fala Sério!”, “360 Dias de Sucesso” // LIVRO FAVORITO NA INFÂNCIA “Marcelo, Marmelo, Martelo”, de Ruth Rocha (Foto: Faya/Divulgação)

 

FOLHA – Hoje você vive de literatura?

Thalita Rebouças – Graças a Deus. Vivo não só dos livros, mas do que a literatura me trouxe. Peças, filmes… As vendas de direitos dão uma ajudinha no orçamento. Mas, muito antes de fazer filme, eu já estava vivendo de literatura. Da venda de livros mesmo.

 

Isso quebra a ideia de que o adolescente não lê no Brasil?

Com certeza. Adolescente está lendo cada vez mais. E as editoras estão oferecendo um catálogo mais diverso. Quando eu entrei na Rocco, por exemplo, eles tinham só os livros do Harry Potter, os de outra autora e os meus. Para esse público,  era só isso. Dezessete anos depois, o mercado editorial cresceu, se especializou, descobriu novos autores.

 

Ler deixou de ser coisa de nerd?

Quando comecei, a coisa que mais ouvia era: “Ler é chato, odeio livros”. Hoje o adolescente sente vergonha de dizer que não gosta de ler.

“Harry Potter” foi o grande responsável por essa mudança. Mostrou que não importa o tamanho da história ou se ela não tem ilustrações –se é boa e bem escrita, vai ser lida. A J.K. Rowling ajudou muitos novos autores a surgirem. Inclusive eu, sou muito grata a ela.

 

Dá tempo de conhecer os novos autores?

Tento acompanhar os lançamentos, nem sempre dá tempo. Mas já li Paula Pimenta, Laura Conrado… O contato com elas é ótimo. Ser escritora é uma profissão muito solitária.

 

O livro novo, “Confissões de um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado”, foi uma sugestão dos leitores?

Foi sim. O “Confissões de uma Garota Excluída, Mal-Amada e (um pouco) Dramática” foi o primeiro livro em que falei de verdade sobre bullying. Ele é quase um personagem. O Davi e o Zeca, personagens da história que são amigos da Tetê e tiram essa protagonista do desconforto de encarar uma escola nova, acabaram ganhando o coração dos leitores [no livro, Tetê muda de casa com a família e precisa trocar de colégio, de amigos e superar uma desilusão amorosa]. Todos me pediram uma história sobre os dois.

Achei que seria mais divertido falar do Davi. Gostei de escrever sobre um menino que fala como um velho, tratar de corações partidos. Chorei muito escrevendo.

 

Quanto tempo demora para escrever um livro como esse, de 304 páginas?

Deu muito trabalho. O Davi sempre amou estrelas e se interessou por astrologia. Por isso ele decide fazer um curso sobre o tema –e eu tive que entrar nesse curso com ele. Pedi a consultoria de uma astróloga, que me ajudou em vários momentos. Perdi as contas de quantas mensagens mandei para ela de madrugada, perguntando o que um canceriano com lua em tal casa faria em determinada situação [risos].

Ela chegou até a fazer o mapa astral do Davi. O que é um pouquinho o meu mapa também, porque nós nascemos no mesmo dia: 10 de novembro. Foi muito interessante construir um personagem sabendo qual é o signo dele, o ascendente, a lua, a casa oito. E, a partir disso, escrever as minhas percepções.

Levei oito ou nove meses no processo de pesquisar, escrever, revisar. Foi um dos mais demorados.  

 

Decidiu tratar desses assuntos porque astrologia está na moda?

Adolescente ama signo. Pensei: as meninas vão pirar se eu falar disso. Quando perguntei nas redes sociais sobre o que elas achavam… Nossa!

 

Como é essa interação com os leitores pela internet?

Eu e a internet nos damos superbem. Faz muita gente se aproximar de mim, conhecer os meus livros. Na época do livro da Tetê, pedi no Snapchat histórias de bullying. Foram mais de 5.000 relatos. Eu mesma leio e respondo tudo.

 

É possível ser escritor sem ser ativo nas redes sociais?

Claro. Mas é muito natural para mim. Estou conectada desde o começo. A facilidade de conversar com o leitor que mora no Maranhão, por exemplo, é fascinante.

 

Mas tem a questão do seu público também. Você está na internet porque o adolescente está 100% do tempo lá.

Exatamente. Não dá para estar off-line. O doido é que muitas leitoras que falam comigo pelas redes sociais ficam tão nervosas quando me encontram pessoalmente que ficam completamente mudas. Aí chegam em casa e me mandam um textão pelo computador ou pelo celular.

 

Após 17 anos de carreira, os seus primeiros leitores já são adultos, talvez muitos até tenham filhos. Por que seus livros não envelheceram com eles? Por que continuar escrevendo para adolescentes?

Acho que tenho 14 anos de maturidade [risos]. Certa vez, fiz um evento com a Ruth Rocha em São Paulo e perguntaram por que ela escrevia só para crianças. A resposta foi: “Porque, para mim, não faz sentido se não for para crianças ”. É lindo. E eu tenho isso com os adolescentes. Sei que eles estão crescendo, envelhecendo, procurando outras coisas. Mas acho incrível fazer parte de uma fase da vida tão complicada, que é a adolescência. Realmente não consigo pensar em histórias que não sejam para eles.

 

É para essa menina de 14 anos que você escreve?

Sempre penso nessa adolescente que mora em mim. Digo que essa menina de 14 anos escreve, e a jornalista de 42 anos revisa.

 

Na última Bienal do Livro de São Paulo, a escritora Marian Keyes, autora de “Melancia”, reclamou do rótulo “chick lit” [algo como “literatura de mulherzinha”] que é dado para os seus livros. Suas histórias também são classificados assim?

Não gosto desse rótulo. Faço livros para quem gosta de se divertir. Por que as meninas leem a vida inteira obras como “Menino Maluquinho”, “Marcelo Marmelo Martelo” e “Harry Potter”, mas não têm nenhum preconceito? Ninguém diz que o Ziraldo só faz livros para meninos. Mas adoram dizer que os meus são para garotas. É um machismo de berço, que faz meninos dificilmente passarem a barreira da capa. Só que, quando isso acontece, eles amam a história.

Espero sinceramente que essa barreira de gênero seja quebrada. Na verdade, acho que já está sendo. Da mesma forma que vi a galera começar a tomar gosto pela leitura, espero viver para acompanhar esse rótulo de “literatura de menina” desaparecer.

 

“Confissões de um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado”

Autora Thalita Rebouças

Editora Arqueiro

Preço R$ 34,90 (2017; 304 págs.)

Leitor avançado

 


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Último livro publicado por Bartolomeu Campos de Queirós ganha nova edição https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/05/04/ultimo-livro-publicado-por-bartolomeu-campos-de-queiros-ganha-nova-edicao/ https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/2017/05/04/ultimo-livro-publicado-por-bartolomeu-campos-de-queiros-ganha-nova-edicao/#respond Thu, 04 May 2017 19:37:23 +0000 https://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/BARTOLOMEU_edit-180x86.jpg http://eraoutravez.blogfolha.uol.com.br/?p=1459 O último livro lançado pelo escritor Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012) ganha neste mês uma nova edição. “Vermelho Amargo” fazia parte do catálogo da extinta editora Cosac Naify e chega às livrarias agora pela Global.

Com fortes traços autobiográficos, o romance fala da angústia de um garoto depois que a mãe morre, passando pela convivência difícil com a madrasta, a ausência de afeto na família e o afastamento dos irmãos da casa do pai.

O novo livro tem a mesma capa da edição publicada pela Cosac e segue o mesmo projeto gráfico. A Cosac Naify lançou em 2013 “Elefante”, livro póstumo que estava pronto quando o autor morreu.

“Vermelho Amargo” venceu o prêmio São Paulo de Literatura em 2012 na categoria melhor livro do ano, oito meses após a morte do autor. Queirós morreu aos 67 anos, de insuficiência renal. Na época, o prêmio póstumo e o valor de R$ 200 mil foram encaminhados para a família do escritor.

Queirós ganhou diferentes prêmios em vida, incluindo o Jabuti (2008) e o da Academia Brasileira de Letras (2004). Em 2010, foi finalista do prêmio Hans Christian Andersen, considerado o ‘Nobel’ da literatura infantil (nesta edição, o Brasil tem Marina Colasanti e Ciça Fittipaldi como concorrentes; a lista de finalistas sai em 2018).

Nascido em Pará de Minas (MG) em 1944, Queirós se mudou para Belo Horizonte em 1950, onde morreu. Solteiro e sem filhos, dedicou sua vida aos livros –sobretudo os infantojuvenis. A estreia na literatura aconteceu em 1971, com “O Peixe e o Pássaro”: o primeiro de uma obra que conta com cerca de 40 títulos.

 

“Vermelho Amargo”

Autor Bartolomeu Campos de Queirós

Editora Global

Preço R$ 42 (2017; 72 págs.)

Leitor avançado

Lançamento maio de 2017

 


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